
223. - Em Jerusalém vivi a saudade, vivi horas intensas; a Igreja crescia.
Minha casa em Nazaré estava sobre a colina. Agora, dividida em duas partes, está ainda em meu coração. Ali cresceu Deus! Quando contava a Lucas Sua história, percorria com o pensamento aquelas sendas, aquelas aldeas por onde Ele havia passado...
Para muitos sua história é fantasia... foi uma vida intensa e tecida de dor.
Jesus é Deus, como Deus via: eis aqui a dor! Como Deus olhou também o amor: eis aqui a Redenção. Em Jerusalém vivi a saudade, vivi horas intensas... Crescia a Igreja. Esses homens faziam grandes coisas: Jesus operava neles. Da casa de Nazaré olhava o entardecer...
Quando Jesus estava longe, pensava onde dormiria essa noite. "Aonde o Pai me mande, eu irei... Pensará em Mim e eu n'Ele: somos uma só coisa e o Espírito nos une..."
Recordava estas palavras e no entanto meu humano amor maternal fazia tremer meu coração: "Acaso terá frio..." "Pensará n'Ele o Pai...". Sentia-me consolada.
E Jesus percorria aquela terra, fatiga, suor, frio... "Levarei o amor e a luz...". E me sentia ainda mais consolada pensando em suas palavras. E na cozinha, olhava da janela o pequeno jardim...
Tornava a ver e torno a ver agora sua infância, a sentir vozes e perfumes. São intensos os aromas de minha terra... O vento me trazia as lembranças. E Jesus ia para sua Paixão. Essa Paixão! Eu, debaixo da Cruz, tomava com Jesus para Mim a dor do mundo!
O pecado que tanto afligiu meu Filho! Antes de regressar à Nazaré nós ficamos nessa casa que agora é uma Igreja.
Graças àqueles que vem para esta casa e pensam em nós com carinho! Graças para a alma e pelos dias passados conosco. Quando voltareis? Esperamo-vos sempre!
8 de maio de 1986

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