220. - A dor é o mistério maior da terra.
Uma espada me haveria de traspassar! Eu sabia da dor desde quando o Anjo me anunciou o Acontecimento. Coisas tão grandes, tantas dores! Deus não vinha à terra somente para falar aos homens e para fazer milagres. Deus chegava para sacrificar-se.
Quando Jesus era pequeno tive tantas horas serenas, o futuro estava longe, a graça de poder embalar, de poder acariciar, de escutar-lhe. Vós conheceis agora tantas coisas daquela vida em Nazaré, aquela dolorosa saudade do que conhecemos e vivemos e tu a segues vivendo e Eu, Myriam, a vivi na realidade até o fundo naquela vida, depois da Paixão e da Ressurreição em Jerusalém, na casa perto de Getsêmani.
Ali via o Céu e O buscava... "Mãe, estou perto de ti...".
Eu era uma criatura com a dor das criaturas, a dor é o maior mistério da terra, a escala mais alta de enaltecimento. A dor sofrida é totalmente oração, oferecida e sentida. Em um dia de sol, entre as oliveiras olhava o céu, as folhas pareciam um bordado.
Em Mim havia bordados de pensamentos. Pensava na dor que havia traspassado minha alma como uma espada, enquanto olhava aquelas folhas, aquele céu e perto de Mim estava Jesus Menino. Sereno em seu doce sonho, no berço que balançava devagarinho.
Momentos que não se esquecem: vozes que se voltam a escutar, um estremecimento da alma. Por sua dor virá minha dor! E na saudade pensava naquilo que vós deveis pensar: "Ele está na glória, a saudade é para Mim, só para Mim!".
Um dia veio Lucas, ficou muitas horas: "Conte-me sobre aquele dia no templo...". Falei longo tempo, Lucas escrevia tudo, toda palavra minha: "Ao menos tudo isso seja conhecido, é demasiado importante e maravilhoso..." A espada que traspassa a alma! A dor! O mundo está cheio de espadas e a dor na terra segue sendo um mistério.
Jesus disse palavras que dão grandes esperanças: "Bem aventurados aqueles que sofrem..."
Jesus não disse mais que uma grande verdade. Jesus disse: "Meu Reino não é deste mundo..." E espera todos em seu Reino, o Reino Celeste, o Reino da felicidade. Lá não há espadas que traspassem a alma.
A alma vive, canta e ama! E Eu agora volto para lá, entrei por instantes em tua alma, falei ao teu coração e pus nele mais esperança para ti e para vós, para todos vós! Agora volto para lá onde vivem vosss seres queridos e por vós lhes darei um beijo.
3 de fevereiro de 1986
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