Na terra tudo passa, mas haverá para vós outros céus e outras terras belíssimas, onde a fantasia e os sonhos de cada um serão satisfeitos.

188. - No tempo da saudade, doce e melancólico sentimento que acompanha os dias de quem perdeu um ser querido.


No  jardim de Nazaré: um quadrado de terra cultivada com amor, ficaram como suspensos no ar os pensamentos daquele tempo, mesmo agora que não há mais aquele jardim... 


Na terra tudo passa, mas haverá para vós outros céus e outras terras belíssimas, onde a fantasia e os sonhos de cada um serão satisfeitos. Peço-vos tanta fé para obter tanto amor para darem e tantas esperanças em vós para darem ao mundo que vos rodeia. Depois da vida intensa de sentimentos e dos anos que passei em Jerusalém: o tempo da saudade.
No entanto sentia  Jesus junto a Mim e sabia que Lhe haveria de ter para sempre.
A Humanidade nosfaz sofrer e é justo que aqueles sentimentos fossem também para Mim, como para tantas mães que choram de saudade. E muito mais dolorosa é a saudade sem fé. 
Um dia Lucas me perguntou: "Senhora, como aceitaste a idéia de que teu filho fosse Deus?". Exatamente com estas palavras, que eu traduzo igual, Eu respondi: "É difícil descrever um sentimento, posso no entanto dizer que para Mim era às vezes normal e às vezes incrível..." Tudo o que não entra no normal, mas no extraordinário, suscita sentimentos alternados, de normal aceitação e de incredulidade, Eu te compreendo. 
Também em Jerusalém havia um pequen jardim, não cultivei mais as rosas. Não estava  calma então nossa vida. O pensamento dos primeiros mártires, dos perseguidos e das horas intensas gastas em falar da Igreja. As discussões de Pedro quando se encontrava com Paulo, as agitações entre os apóstolos que, quando não estavam inspirados para iluminar, eram no entanto sempre homens. 
O Espírito ilumina, mas nem sempre, pois de outro modo, se sempre se está iluminado, não se é mais livre na prova para adquirir méritos. Sempre intervinha em suas discussões e devo dizer que isto para Mim era agradável. Era viver. "Podes talvez pensar que a paixão do Rabi possa esquecer-se?" Assim dizia Pedro. 
"O tempo lava e apaga e certamente haverá alguém ou muitos indiferentes. O que é tarefa de un apóstolo é o recordar a Paixão, sobretudo porque é aí onde melhor se vê a divindade, já que esta paixão finaliza com a glória da ressurreição do único ressuscitado: Deus!
" Paulo era tão entusiasta que alçava a voz e quem passaba inclusive de longe podia escutá-lo quando nos falava. "Não alçar a voz, aqui se fala não se prega!" Dizia Pedro...


Não mudou tanto o mundo fora desse progresso da ciência; os homens são semelhantes aos de então e cada homem é distinto um dos outros: é ele, é um mundo único para Deus. 
Quando ia pelo jardim e não havia rosas, escutaba igualmente aquela voz: "Mamãe, floresceram duas rosas amarelas". 
O tempo da saudade. E um aroma, um canto a podem evocar. Doce e melancólico sentimento que acompanha os dias de quem perdeu um ser querido, mas fica também a esperança quando a fé está viva. 
"Sem a Ressurreição teriam sido vãos inclusive os milagres. A Ressurreição é o selo da divindade do Rabi!"
"Paulo tem razão, compartilho o que dizes!"


22 de Fevereiro de 1985