119. Mãe, as flores são gotas que caem do Paraíso.
Quando Jesus tinha um ano, recordo um dia em que tendo-o entre os braços, pensava na grandeza e na responsabilidade de meu dever:
"Como é possível? Tenho nos braços a Deus e o estou vendo como se fosse somente meu menino..." Estar investida de grandes missões, assombra e cria muitos temores. "Serei digna de ser sua Mãe?"
Recordo: estava sentada junto ao fogo, a casa era pequena, o quarto iluminado pela lâmpada de azeite. José havia ido ao povoado para buscar madeira para fazer uns trabalhos. Era muito hábil fazendo arados e por certo muito honesto... tanto que no povoado e dos povoados vizinhos vinham todos a ele.
Havia outro carpinteiro em Nazaré, que para trabalhar teve então que ser mais honesto. O exemplo! Vós vedes quão importante é, mesmo quando às vezes a criatura exemplar é imitada não por uma razão desinteressada, mas por pura conveniência.
Todavia volto a ver nossa cozinha. Volto a ver o banquinho de Jesus, sua caminha, minhas vasilhas, a pequena janela da qual se via o jardim e na primavera entrava o perfume das rosas.
Muitos não pensam que também Eu fui uma criatura, de vida similar a de tantas outras no modo de trabalhar, de pensar. Tive aquela missão: a maior:
"Como é possível? Por que Eu?"
Naquele tempo a Vida era diferente da vossa, mas ainda existe aquele modo de viver em algumas terras longínquas para vós. Mais ignorância, por certo, e mais pobreza, porém às vezes naqueles lugares há mais pureza e mais sabedoria nas almas das criaturas que ali vivem.
A sabedoria não é parte da cultura, nem sequer da inteligência. É simplesmente estarmos iluminados por Deus.
"Como é possível? Estou ninando ao menino Deus..."
Meu coração tremia e pensava em todas as palavras que Gabriel me havia dito, que haviam ficado gravadas em Mim!
"Fiat voluntas tua!" A vontade de Deus! É sempre a mais justa e, sempre, a mais incompreendida. Na primavera floresciam minhas rosas, na qual Jesus ficava feliz:
"Mamãe, as flores são gotas que caem do Paraíso..."
A natureza revive na primavera e Eu então pensava na vida, que para Mim e para todos, depois, haviam de vir: imaginava então um frio inverno: a vida passageira, e uma explosão de vida e de cores e de perfumes: a primavera: a vida Celestial!
E agora que vivo a vida Celestial, vos posso dizer que é assim, porém muito, muito mais. Elevando o espírito se advertem as coisas do espírito. É necessário então, ver tudo aquilo que é material como um meio, é necessário saber distinguir, querer distinguir.
Nas noites calorentas me sentava no jardim com Jesus:
"Senhora, tu serás verdadeiramente a estrela do firmamento, que mais do que qualquer outra, brilhará!"
"Filho, não compreendo o que dizes e por que me chamas ‘senhora’?"
Jesus tinha então vinte anos, e naquela noite me falou como Deus. Depois de Caná, foi a segunda vez que me chamó ‘Senhora’, Naquele momento não era para Ele somente a Mãe, era o caminho, através do qual aqueles que pedem, obterão. Um pequeno caminho, uma pequena Mãe!
"Filho, quando os homens não terão já a fé, tu lhes ajudarás?"
"Senhora, Tu vistes o milagre de Caná, não foi o vinho para Mim o importante, já que pensava em outra coisa importante, determinante: a fé. Senhora, peça-me ou que outros peçam por Ti, a Mim, peça, e te escutarei sempre!"
Se vos sentis às vezes que não sois escutados, é porque pedis coisas não justas para o bem de vossas almas. Para o justo e para aumentar em vós o amor, sereis sempre escutados.
Poggio Mirteto, 3 de Dezembro de 1982
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