Uma manhã de primavera Jesus me chamou ao jardim:"Mamãe, floresceu uma rosa amarela! Venha ver, Mamãe!..." Volto a sentir aquela voz de menino e volto a ver aquela rosa...

96. Volto a sentir aquela voz de menino.



Naquele tempo, nós as mulheres levávamos o véu em sinal de submissão, mas não porque fôssemos tratadas como seres inferiores ao homem.

Éramos amadas e respeitadas, reconhecidas pelo que fazíamos em nossa missão de mães. Assim eram os costumes, eu gostava, eram meus tempos e vivia bem com as pequenas coisas que então estavam em uso.

Quando Jesus era pequeno, quando o balançava, quando recolhia as flores, quando tecia, nunca pensava no progresso através do tempo. Para vós é simples, é normal, ter o que tens agora em uso. Para Mim foi simples acender o fogo e ir à fonte!

Agora, vendo minhas imagens sobre os altares do mundo, não encontro nada que me pareça e penso que vós imaginais que então era como uma rainha...

Os Anjos me chamam sua Rainha, mas não é como ser rainha na Terra. Eu não desejo contar-te minha grande dor, tu conheces a grande dor e sabes que ainda é grande dor recordá-la.

Prefiro falar-te de outras coisas, de outras horas, de outros momentos...

Uma manhã de primavera Jesus me chamou ao jardim:

"Mamãe, floresceu uma rosa amarela! Venha ver, Mamãe!..." Volto a sentir aquela voz de menino e volto a ver aquela rosa...

"Mamãe, Tu terás muitas flores, muitas rosas, muitas açucenas, todos aqueles que gostarão de ti, te trarão flores".

Ficava muito assombrada com estas palavras, mas não perguntava nada a Jesus: sabia que era Deus...

"Mamãe, te trarão muitas flores..."

Naquele dia vieram os priminhos Santiago e Judas e me trouxeram flores do campo. Desejo contar-lhes estas pequenas e grandes coisas de minha pequena grande vida.

 As recordações dos dias serenos, as lembranças!... Agora são nossos para sempre os momentos serenos, e temos muito mais, temos tudo: a felicidade eterna deste Reino cheio de flores!

Jesus brincava com muita vivacidade, ao correr superava a todos e algumas vezes, me dizia:

"Finjo não saber correr, e deixo ganhar os meus amigos quando fazemos os concursos..."

Agora não vejo correr os meninos, agora têm outros brinquedos, demasiados, e já não tem fantasia, talvez sintam o peso do que sucede no mundo, há muito pouco amor, Jesus vos pede vós sempre: "Amai-vos!".

Vós deveis amar, aprendei a amar! Amar quer dizer tolerar, perdoar, suportar... Amar, não é sempre fácil, mas os caminhos escarpados são aqueles que levam ao alto. Assim, para crescer no espírito, é necessário amar muito.

Minha  cozinha era simples, cozinhava tudo na brasa ou no forno de lenha e eu gostava de dar algumas receitas para as amigas: "E então, para fazer o pão com mel, há que deixar fermentar a massa por um dia..."

E vós me imaginais vestida de rainha com a coroa e com muitas pedras preciosas... Deus elegeu a pobreza e a simplicidade, Deus elegeu a vida simples e a verdadeira dignidade.

Se Jesus houvesse nascido num palácio, não haveria sido amado como é amado. Muitos O ignoram, muitos O amam, muitíssimos O levam no coração.

Nossa pobreza não foi miséria, tínhamos o justo: a comida, o teto, as roupas. A todos deveria bastar o justo: o mundo seria então mais justo!

Depois da Ressurreição Jesus me apareceu em segredo:

"Mãe, agora serás Tu que te ocuparás dos meus, e o mesmo com a Igreja!"

E esta Santa Igreja, que terminará somente quando tudo tenha terminado e continuará triunfante no Reino, começou assim, com poucos homens, foi combatida, foi atacada internamente,  traída internamente: e, no entanto, triunfará para sempre!

A Redenção não foi certamente em vão. A Redenção continuará e continua convosco, que deveis defender nossa Igreja.

"Mãe, muitos nos amarão e nos levarão no coração. Seus corações serão então para nós uma pequena Igreja!"



30 de Abril de 1982