92. O tempo da dor estava ainda longe.
Naquele tempo, Jesus era muito pequeno, estava no berço e Eu o olhava com amor, admiração e estupor... O tempo da dor estava ainda longe...
"Myriam, teu menino parece muito contigo!"
Meu menino: Deus! É Deus e parece comigo!
Passaram os anos, veio o dia em que Jesus me deixou. Os vizinhos e os do povoado disseram que era estranho que aquele homem não tomasse esposa, e deixasse a Sua Mãe só para andar por aí... Simão, o que foi curado milagrosamente por Jesus, disse que Jesus não era certamente um homem como os demais: ele havia compreendido algo mais que aqueles outros habitantes de Nazaret:
"Jesus me curou! Jesus tem mãos santas!"
E também os filhos de Alfeu: Santiago e Judas, sentiam que Jesus era Jesus! Deus de Deus! Ninguém é profeta em sua terra. Jesus pregava e explicava o amor às pessoas daquele tempo e a todos aqueles que no tempo haveriam de vir e virão. Eu sabia muitas coisas, porque Ele me havia falado muito tempo. Jesus vos ama muito e Eu também vos amo muito!
No jardim, nas noites frias, nas noites iluminadas pela lua, em casa, iluminados pela lâmpada, Jesus me falava e dizia como haveria de falar ao mundo:
"Mãe, Eu lhes falarei, lhes explicarei sobre todo o amor!"
"Filho, te compreenderão todos?"
"Mãe, muitos me compreenderão. Eu desejo a compreensão de todos, são livres... Haverá quem quererá compreender e amar, e quem não o quererá: isto é já agora, para Mim, grande dor".
Quando permaneci só, vivia com o pensamento daquela Cruz. Esperava, não obstante, que esse tempo estivesse ainda longe. Jesus falava ao pequeno mundo de então, e ao grande mundo de sempre. Às vezes voltava para casa para permanecer por pouco tempo. "Mãe, Eu volto por esta noite e trago comigo os meus amigos..."
Os apóstolos! Seus amigos. Pedro era tímido diante de Mim, João sempre sorridente, André e Felipe e todos os demais, gentis, serviçais; de Judas houvera desejado que fosse diferente, então não tinha motivo para duvidar dele, mas me perturbava sua presença.
"Mãe, são meus amigos, virão comigo e o mundo os conhecerá. Têm largos caminhos que percorrer..."
E vós os conheceis um pouco, conheceis sua história.
"Nós o temos seguido, porque quando nos olhou, sentimos dentro de nós que não podíamos fazer outra coisa mais que segui-lo".
Assim me dizia João, quando ficou comigo! Falávamos de Jesus, e nos embargava a saudade e a ternura, lágrimas escondidas e também esperança. João me contava do tempo em que vivia junto a Jesus.
"Era tão atraente que quando o olhavam ficavam fascinados. Atraia por seu espírito divino, atraia por sua força, atraia porque é Deus!"
"Conta-me mais coisas de Jesus, João..."
"Quando Jesus falou à multidão daquela montanha, nem sequer uma respiração se podia escutar, parecia que até o ar estivesse parado: escutavam todas aquelas palavras: "Bem aventurados, Bem aventurados vós os puros, vós os mansos: vós os que chorais..."
Muitas pessoas choram, e deveriam estarem certas de que as lágrimas se mudarão em felicidade.
Bem aventurados vós os que chorais!
2 de Abril de 1982
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