77. Falo-vos com simplicidade e com muito amor.
Quando Jesus se preparava para deixar-me, meu coração estava muito triste, mesmo sabendo que se ia para falar ao mundo e para o bem do mundo, porém Eu era uma Mãe, e a dor em Mim era grande, mesmo amando o mundo e me importando com o bem de todos. Encontrei-O de improviso: estava no jardim, com a cabeça entre as mãos:
"Mãe, Eu farei grandes sacrifícios, Eu sofrerei: e muitos não saberão ou não vão querer usar para o bem de suas almas meu sacrifício e minha dor!"
Depois, que partiu sem bagagem e com tanto amor para levar ao mundo, Eu fiquei em nossa casa, e cada gesto me parecia inútil. Para Mim não valia a pena acender o fogo, fazer o pão... Tantos anos habituada a fazer tudo para Jesus e para José, vivia para Jesus: sou sua Mãe; e queria a José e até o dia em que nos deixou, me ocupei dele com todo meu carinho.
"E agora para quem viverei?" Certamente para Deus, a quem tudo se oferece a todo momento, mas materialmente nós as mães gostamos de fazer para alguém, que assim é nossa vida e nossa razão de viver, assim para o esposo, já que está em primeiro lugar no nosso coração e em nossa vida e imediatamente depois de Deus, estão eles e... logo vem nós, nosso eu, que não conta mas na medida do que podemos fazer por eles e pelos demais. " E agora que farei sem Ele? Terei horas de nostalgia e de temor..."
Os sentimentos das mães... temores, ânsias, às vezes dor infinita: A Cruz!
Sentimentos, que somente a fé e somente Deus podem mudar, de dolorosos e desesperados em agradáveis e serenos. Somente a fé e Deus dão a esperança, também nas dores mais profundas: "Mãe, estou junto a Ti com meu Espírito!... Mamãe, minha alma está com tua alma!"
As vozes de nossos filhos podemos escutar sempre, pois o amor é mais forte que a morte para aqueles que amam verdadeiramente.
Logo veio aquela noite e aquele amanhecer...
Algumas vezes Jesus voltou por breve tempo, aqueles anos foram para Ele de cansaço e de sacrifício, mas também de alegria, quando semeava amor entre as pessoas, quando convertia, quando fazia milagres. Eu sabia que seriam os últimos anos de seu tempo... Agora sei que o tempo não importa, mas pelo bem que nesse tempo se pode fazer, agora que, depois de séculos para vós, depois de só um suspiro de Deus para Mim, venci! E quando vós tivestes vencido o tempo, sereis felizes, e recordarão vossas dores, será como se não houvessem sido vossas, e no entanto, vos tem feito crescer para o alto, e então compreendereis o que no tempo que é agora misterioso para vós.
Quando fiquei só, fui pegar a pequena taça de Jesus e outras coisas do tempo de sua infância: me faziam companhia e revivia horas tranquilas:
"Mãe, estão prontos os pãezinhos? Mãe, esta casa voará..."
Meu pensamento recordou uma vez mais cada uma de suas palavras: quando e como havia de voar nossa casa? Vós sabeis em que tempo voou, não é uma lenda. É um milagre, um dos tantos milagres. Se Deus se encarnou, se Deus criou tudo, pode então fazer os maiores milagres, vós tendes fé!
Passado os séculos, Eu falo e falo ao mundo deste Reino feliz, a ti que estás na terra, e falo com simplicidade e com muito amor. Chegou agora o tempo em que Jesus um dia me disse:
"Mãe, chegará um dia en que tu falarás de Ti e de Mim ao mundo desse tempo: um tempo longínquo, porém Nós, desde o eterno presente, daremos palavras de vida àqueles que virão nos séculos..."
Não compreendi naquele tempo, agora sei que aquele tempo já chegou e Eu te falo, como também te fala Jesus, e outras criaturas celestiais.
17 de Janeiro de 1982.
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