"Mãe, Tu sabes o que terei que fazer e por que vim..." "Filho: vieste para dar palavras de Vida ao mundo e para sofrer pelo mundo!"

78. Todas as mães estão debaixo da Cruz, unidas pela mesma dor.




Debaixo da Cruz estavas também tu e todas as mães, unidas pela mesma dor.

A dor maior do mundo: sermos precedidos pelos nossos filhos ao ir para o outro mundo. Eu tinha a fé e a certeza da Ressurreição, minha dor foi ver quanto sofreu meu Filho no físico e no espiritual: um dor vivida por muitas mães, todas debaixo da Cruz Comigo, criaturas eleitas pela dor maior.

E agora falemos mudando para as doces lembranças de meu tempo: o tempo de Jesus, daqueles costumes, daqueles dias tranquilos...

Era quase primavera, fui ao jardim, no lado do roseiral para ver até que ponto haviam crescido os primeiros brotos, Jesus me seguiu e Ele também quis ver, tinha então oito anos:

"Mãe, vendo crescer os brotos de tuas rosas, penso no amor que cresce nos corações daqueles que o vivem e o cuidam..."

"Extendei o amor e o mundo será melhor!"

Na horta colhemos a verdura para  a ceia. Nossas ceias eram lindíssimas, estávamos sentados nós três ao redor da mesa feita por José, a família, unidos pelo amor humano de parte de José e meu, e da parte de Jesus divino, e também humano. O mistério da dupla natureza de Jesus é um mistério maravilhoso: o Homem–Dios! O verbo que se fez carne: um menino, um jovem, um homem e Deus, que vive como homem, que como Deus é onisciente e como homem gosta da comida e ama a natureza; a natureza foi criada por Ele, Segunda Pessoa da Trindade, que é também Criador, porque sempre esteve no Pai Criador, e assim é Uno e Trino!

Sua Palavra é Palavra de Deus e seu sorriso, o sorriso de un menino: o sorriso de meu Filho, aquele que todos chamam o filho de José o carpinteiro.

 Deus não olha às coisas, Deus se encarnou em Mim, uma mulher, tendo eleito a pobreza digna e saboreado o pão, veinha comigo ao mercado e  agradecia sempre a Deus, seu Pai, pelo que tinha e se alegrava: Maravilhosa realidade, maravilhoso mistério!

Meu Filho que me ajudava a recolher as verduras da horta, que se sentava sobre seu pequeno banquinho e brincava com seus cavalinhos de madeira!... o via dormir: o rosto sereno. Via-O brincar. Via-O rezar: falava ao Pai e O escutava; Ele e o Pai são uma só coisa!

"Mãe, nesta noite para a ceia teremos verduras, queijo e as azeitonas..."

Não eram muito variadas nossas ceias, mas, como disse, eram lindíssimas. Depois da prece, comíamos e conversávamos.

"Papai José, posso pegar outra azeitona?"

"Sim, basta que o peças, mas deves sempre pedir, porque assim devem fazer os bons garotos".

" Eu sou então um bom garoto?"

Jesus ria deste pensamento e da frase de José, que sabia quem era Jesus, mas tratava de criá-lo como um verdadeiro homem. Púnhamos a lâmpada sobre a mesa, dava um sentido de intimidade aquela luz, eu tratava de apresentar bem a comida: a fruta, as azeitonas, o queijo numa linda e grande vasilha de vidro, o pão numa cesta, coberto por uma toalhinha bordada...

"Amanhã vamos ao mercado, o que temos que comprar?"

"Mãe, disse que devo recordar-te para comprar cebolas, farinha e um pote para as azeitonas, o outro está rachado..."

Volto a ouvir estas palavras e penso nas palavras da Palavra, as palavras de vida, que Jesus deu ao mundo.

"Mãe, Tu sabes o que terei que fazer e por que vim..."

"Filho: vieste para dar palavras de Vida ao mundo e para sofrer pelo mundo!"

21 de Janeiro de 1982