"Orar não é pedir, mas adorar! Se pode rezar de muitas formas: com a oração, com a meditação, ou simplesmente com o pensamento, com as boas obras, com o oferecimento da própria dor, mas, sempre com amor."

61. Depois da Resurreição veio a Luz, e também para vós será assim, meus filhos.



"O homem é a imagem de Deus, já que pode amar e aumentar o amor, e nesta forma gerar amor! Meu Filho, Deus de Deus, gerou muito amor, e há quem aceitou e aumentou, e quem o recusou: o amor é livre. Esta liberdade deve usá-la bem, e isto é bom para sua alma..."

Isto dizia Jesus, naquele tempo de sua preparação, para Mim, ainda assombrada às vezes de ser sua Mãe, e de como Deus pudesse ter vindo à Terra através de mim, naquele pobre país, numa pobre casa, filho terreno de um carpinteiro, e meu Filho...

José permanece um pouco esquecido pela humanidade, e no entanto, tem grande poder de intercessão diante de Jesus, e por isso diante do Pai.

E retornemos naquele tempo: agora Jesus tem dez anos e um ar ajuizado e tímido às vezes, sua figura é delgada, porém forte, os cabelos louros. Estes anos de Jesus são para vós escuros, não obstante já naqueles anos Ele era luz.

"Mãe, vou falar com meus amigos e lhes ensinarei a oração..."




No meio de outros meninos, debaixo de uma oliveira, então também, como depois haveria de fazer com os apóstolos, Jesus falava com seus companheiros, e eles ainda sem saber que Ele fosse, Lhe escutavam:

"Orar não é pedir, mas adorar! Se pode rezar de muitas formas: com a oração, com a meditação, ou simplesmente com o pensamento, com as boas obras, com o oferecimento da própria dor, mas, sempre com amor."

"Jesus é muito inteligente e nos fala muito bem, porém às vezes não podemos compreender todo..."

O mesmo também é para vós! jesus tem falado ao mundo,nem todos os tem compreendido! A compreensão é daqueles que tem a alma simples e pura. Estes, ainda quando não compreendem as palavras, sentem a Verdade dentro de si mesmos.

Aos dez anos Jesus era para mim de grande ajuda, me aliviava em muitos pequenos cansaços, me dava conselhos humildemente, era para Mim, filho, Deus e irmão! E amava a José, e José lhe protegia com muito cuidado e lhe considerava também como um rapaz como os demais, e lhe fazia trabalhar; juntos trabalhavam e eram felizes naquele tempo.

Eu me sentia feliz e triste em alguns momentos. No tempo terreno às vezes se é feliz, porém sempre se tem o temor pelo futuro: é o mistério, e sempre com a esperança. Alternam-se muitos sentimentos em nós, fortes e frágeis criaturas humanas. Eu também, criatura humana, por isso sofri e me alegrei. Eu, Myriam; um instrumento de Deus para ser Seu cálice. Ofereci-o assim ao mundo. Os filhos não são dos pais, os filhos são de Deus e nós os oferecemos. Nascem, crescem, se vão! No céu Jesus também é meu filho e no enstanto um mistério para, vós, o encanto desta vida celeste!

Havia sol, era primavera, as duas cabritas pastavamo capim do pequeno prado que formava parte de nosso jardim, o perfume das rosas se unia ao perfume do pão saído do forno, e então a voz de Jesus, a voz de José: a casa estava viva!

"Mamãe, já tenho dez anos, agora posso trabalhar melhor, cresci e não me canso quando trabalho na bancada da carpintaria; e papai José está feliz de que trabalhe con ele".

Jesus chamava assim em nossa intimidade a José, e José ficava feliz com isto.

"Papai José:posso fazer este trabalhinho? Posso fazer um bastão de peregrino com as sobras de madeira?" E um dia iria para longe como peregrino, sem bastão, pelos caminhos mais difíceis: somente com o amor! Haveriam-no de seguir os Apóstolos: o doce João, o rude, generoso e impetuoso Cefas... e também o Iscariote. Amor, traição... tudo devia provar Jesus, e então tinha dez anos e fazia um bastão de peregrino.

"Mamãe,caminharei através das sarças e pelos caminhos mais escarpados!"

E assim foi sua vida naqueles três anos. Fadiga, muita fadiga: sem fadiga nada se obtém. Ele a obteve muito,salvou muitos, e muitos se fizeram santos em seu nome. Sendo Deus,tudo poderia fazer: transformar seus pobres brinquedos em brinquedos belíssimos, mas não quis, Deus criou do incriado, fazer, (como disse uma doce lenda), pássaros de argila, e fazê-loslogo viver e voar. Jesus como verdadeiro homem, vivia na normalidade e somente quando, no Pai, fazia milagres, demostrava sua divindade para que o mundo soubesse d'Ele e de seu Reino. Jesus conheceu também a fome, conheceu a sede.

"Tem fome e sede de amor e justiça".

Sobre a Cruz foi grande aquela sede!...

As duas cabritas nos proporcionavam leite e também um pouco de queijo. Jesus as amava e gostava de tomar aquele leite.

"Mamãe, agradeçamos ao nosso Pai por tudo o que dá ao homem, para viver e para alimentar-se".

Era um contínuo louvar, um contínuo agradecer... Enquanto que no mundo muitosnão só não louvam e não agradecem, mas também jamais pensam em Deus. Deus é um ser que pode existir, já que existe a terra e existem os homens, porém terão os homens outra vida? Bastaria aprofundar a Palabra e tudo estaria claro, ainda com uma parte de mistério.

"Agora sou grande, Mãe, então posso dormir só: mas se precisares de Mim, chama-me."

Estas palavras as dizia aos cinco anos... Já não cabia na caminha que tinha junto à minha, José lhe fez uma cama maior e a colocamos no fundo da habitação, separada por uma cortina. Uma cama de madeira!O madeiro da Cruz!

Este pensamento levava sempre comigo, às vezes tremia minha alma e outras vezes tinha esperança e me dizia: talvez não seja tão atroz!

Depois da Ressurreição veio a Luz!

Também para vós, será assim, meus filhos.



5 de Dezembro de 1981