Nas noites de verão nós gostávamos de jantar no jardim. Punhamos a mesa junto às rosas e geralmente comíamos verduras, queijo e para Jesus punha na mesa também uma xícara de leite e um pouco de mel.

67- E volto a O ver menino. Tenho-O entre meus braços, sinto o perfume de seus cabelos: um perfume de bebê.




Debaixo da Cruz sofri o insofrível, e se pode compreender bem: quantas mães sofrem o insofrível! Então devem esperar, devem ter a certeza: os filhos não são nossos na terra: Deus no Reino no-los entrega, e para sempre.

Estava aniquilada por essa dor e não podia derramar lágrimas. Como tu bem sabes, quando a dor deixa um pequeno espaço para nosso egoísmo, então podemos chorar; porém na dor pelos outros, quando sofremos com eles, quando estamos destroçados por eles, não se tem sequer o desafogo do pranto e pesa sobre o coração como uma pedra de granito.

"Eis aqui tua Mãe! Eis aqui teu filho!". Confiando-me a João, Jesus me encomendava também a todos vós. Sou mãe dos velhos, dos jóvens, dos pequeninos... Sou mãe dos pecadores e dos santos... João foi sempre muito doce, um verdadeiro filho amoroso".

"Nosso Rabí, te chamava com o doce nome de Mãe: Mãe, nunca te chamarei assim: somente o Rabí pode fazê-lo, porém Tu, Senhora, é também uma Mãe! Jesus te venerou e te amou, te chamava: minha Rainha, Senhora, posso então chamar-te: Rainha?"

Era o doce João que pousou sua cabeça sobre o Sagrado Coração de Jesus:

"Venham a Mim, vós que estais cansados, vós que estais desiludidos, vós que estais aflitos! Apoiem vossas cabeças sobre o meu Coração e sereis consolados!".

Jesus no tempo da Paixão já era um homem forte, porém para Mim na dor, era como se ainda fosse um menino. E volto a vê-Lo quando ainda era um menino: tenho-o entre meus braços, sinto o perfume de seus cabelos: um perfume de bebê! Sinto a delicadeza de seu corpo, Ele pousou sua cabeça sobre meu coração, e somos um só coração...

"Mãe, fiquei feliz por ter minhas sandálias novas".

Tinha seus pezinhos sobre as sandálias novas: as primeiras, eram seus primeiros passos, já falava bem, certamente não pronunciava as palabras com claridade, porém se fazia entender.

 Os pezinhos nas novas sandálias: uma sola um pouco grossa e uma tira que cobria o pé e chegava até o tornozelo.

Sobre a Cruz aqueles pés foram perfurados! E estavam sem sandálias: muitos o haviam abandonado!

Jesus poderia ter feito ostentação de Sua inteligência, se somente tivesse sido homem, mas também como homem foi humilíssimo, justamente porque era Deus! E Deus conhece o valor da humildade. Os valores humanos que importam são os do espírito!

Foi numa noite de verão: Jesus, José e Eu, estávamos sentados no jardim, debaixo do luar.

"Que bela está a lua!, irradia uma luz branca que faz teu rosto de prata, Mãe!".

E Ele, Deus de Deus, me dizia essas palavras com voz e rosto de menino! Seu amor por Mim!, uma criatura  foi grandíssimo, e assim é grandíssimo também o amor que sente por vós, suas criaturas.

Deus se fez carne e Verbo, ama a sua Mãe, ama a seus irmãos, de todos os tempos, de toda as terras. Deus é amor!

Nas noites de verão nós gostávamos de jantar no jardim. Punhamos a mesa junto às rosas e geralmente comíamos verduras, queijo e para Jesus punha na mesa também uma xícara de leite e um pouco de mel.

"Mãe, eu gosto de comer no jardim! Está preparando a lâmpada? Assim a levei eu pelo tempo afora..."

A lâmpada de azeite! Talvez muitos de vós não viram lâmpadas assim, vós tendes agora muitos tipos de luz. Eu via Jesus que levava essa lâmpada com seu rosto iluminado e radiante. A luz do mundo! A Verdade!

Debaixo da Cruz minha dor foi imensa, porém tive também horas serenas, tranquilas, de alegria, e pensava: "Virá a dor, mas agora sou feliz, porque sou sua Mãe".

 Também vós que tendes chorado por nossos filhos que Deus chamou ao Seu Reino, tiveram horas de alegria. Horas, que transformadas em Eternidade, se repetirão. Para vós a eternidade não é compreensível, para vós não é compreensível a verdadeira liberdade, a Verdadeira Vida!

 Eu, Myriam, vos digo que é maravilhosa: unidos a vossos seres mais queridos, unidos a todos os irmãos pelo fio do amor, que no Reino jamais se rompe, gozaréis de Deus e de Seu rosto: Jesus, e Eu, que sou criatura como vós, e que serei e sou Mãe de todas as criaturas.

Uma noite no jardim, embaixo do luar, havíamos apagado a lâmpada para colocar um pouco de azeite, Jesus pronunciou pela primeira vez aquela oração: "Pai Nosso!" Tinha vinte anos, José já tinha ido lá onde esperava, Jesus era belíssimo: tinha a túnica branca, os braços no alto, o olhar luminoso e aquela voz:

" Pai Nosso que estais no Céu, seja louvado e santificado seu Nome, e Teu Reino desça aos corações, assim os homens farão a Tua vontade, como se sucede no Céu, também na terra seja assim! Dá-nos o pão para alimentar-nos e o pão para o espírito. Perdoa os pecados, e dá a força e o amor para perdoar e ajudar à humanidade a fim de que não caia em tentação, e lívra-la do mal!".

E Jesus orava e tinha vindo para redimir a humanidade, enviado pelo Pai.

"Meu Reino não é deste mundo!"

Se o amor que Jesus entregou à humanidade fosse realmente vivido e sentido, seu Reino poderia já estar neste mundo. Jesus sempre tem pedido o amor e bem poucos sabem amar de verdade e profundamente!



19 de Dezembro de 1981.