Era primavera e no jardim haviam florecido muitas rosas e o capim estava tenro, sentia-se no ar o perfume da natureza em festa. Jesus escolhia a salada para nosso jantar.

64. Fazei entrar o Céu em vós...

Como já disse, nossa vida era simples, a vida cotidiana... os dias de então! Tudo isto era só em aparência, a vida de Jesus, o homem Deus, foi extraordinária!

Podia, sendo Deus, vir e fazer-se homem e mártir, sem necessidade de Mim; porém quis dar-lhes uma Mãe, a mesma para todos, para ensinar-lhes o amor e fazê-los sentir-se irmãos!

Quando tinha vinte anos, Jesus trabalhava para Mim, para procurar as coisas que necessitava, e fazia trabalhos belíssimos, especialmente em madeira talhada. José lhe havia ensinado muito bem...

"Myriam, Ele é Deus e eu o ensino... como é possível?". O fato era demasiado grande para nós, seguiamos maravilhando-nos, no entanto ensinávamos à Jesus todas as coisas, como se faz com todos os meninos.

Quando ia con Ele, sendo pequeno, ao mercado ou ao templo, o olhavam todos, seu rosto atraía:

"Deixa tudo e segue-me..."

Bastou esse olhar sobre eles, para transformar aos apóstolos. E toda sua vida pode parecer uma fábula, porém é realidade e dor.

"Mãe, quando tiver que deixar-te, o farei só com a parte material de mim mesmo, meu espírito estará contigo".

É assim também para aqueles que vos deixam, para viver aonde nós vivemos. Seu espírito está também convosco, e vós não estais sós: deveis ter a certeza disto, e deste pensamento tirareis muita força.

Quantos milagres para o espírito sucedem todavia neste tempo! Jesus no meio de vós vos escuta, vos ajuda. Basta o desejo vivo da fé.

Ele acolhe este desejo e infunde fé; porém vós deveis ser dignos e ter boa vontade: o homem atua e Deus o ajuda. O homem deve ter a alma aberta a Deus! E então Deus entra.

"Mãe, no tempo virão criaturas que, como janelas abertas, farão entrar em suas almas Minha voz".

Às vezes (Eu era uma criatura) não compreendia bem aquelas palavras, porém sabia que eram palavras de esperança. Janelas abertas ao Céu!

Fazei entrar o Céu em vós, e assim podereis dar ao mundo um pouco do Céu, e assim tanta esperança.

Era primavera e no jardim haviam florecido muitas rosas e o capim estava tenro, sentia-se no ar o perfume da natureza em festa. Jesus escolhia a salada para nosso jantar.

"Alimentar o corpo, porém sobretudo alimentar a alma! A alma tem fome de Deus: Mãe, Eu, Deus de Deus, lhes tirarei a fome, eles deverão alimentar-se de Mim, na graça..."

Havia quase chegado o tempo de sua partida e os dias passavam velozmente. Não comprendi tampouco aquelas palavras, porém logo as entendi... "Meu corpo, Meu sangue... Meu sacrifício!".

Na infância de Jesus houve também horas ditosas: também um pouco de felicidade; conheci as pequenas coisas; os cavalinhos de madeira com a cauda de pelos, os pequenos pãezinhos com mel, a alegria de dar suas pequenas coisas.

"Mamãe, posso levar a Simão um cavalinho?"

"Filhinho, sabes o que podes fazer, Tu sabes o que é bom..."

O banquinho de Jesus tinha um coração talhado no meio:

"Pai José, pôs um coração no meu banquinho para, dizer-me, sem dizê-lo, que me quer muito."

O coração sangrando de Jesus: amor para todos! Estas palavras minhas vos poderão parecer demasiado simples, porém eu sou como vós: uma criatura.

Vos me veis nos altares vestida de seda, adornada com pedras preciosas, porém se me tivessem visto então, era como vós, e talvez nem sequer me tivessem olhado... Deus fez grandes coisas em Mim!

Deus faz grandes coisas nas criaturas eleitas, e as criaturas são tão somente criaturas, e devem inclinar-se, agradecer e ser dignas!



15 de Dezembro de 1981, 11.30 horas