Jesus, nosso único amor

Jesus, nosso  único amor
Olhai sempre por nós

Sejam bem vindos e mergulhem no Amor de Deus por nós!

Tudo por um mundo cheio do Amor Incondicional de Deus por nós. Mudemos o mundo levando as imagens invisíveis do Céu para a humanidade que hoje só crê nas imagens visíveis.

ZELAR PELA MÃE TERRA

ZELAR PELA MÃE TERRA
Minha doce Mãe, te ofereço essas flores!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

TEMPO PASCAL - ALEGRIA DE CRISTO RESSUSCITADO

Continuação da vida de São João Newmann

Suas vistas caíram então sobre a diocese de Vincennes, cujo Bispo viajava pela Europa. Esperou por três semanas em Paris a resposta do prelado. Mas esta nunca chegava. Vendo então que seus recursos financeiros se iam, não teve remédio senão seguir viagem. A 20 de abril, a bordo do veleiro “Europa” deixou o Havre com o coração mais tempestuoso do que o mar. Duvidas, ânsias, temores, o agitavam. Estava resolvido a viver na América como um ermitão para fazer penitencia pelos seus pecados e dos outros, caso nenhum Bispo o quisesse receber.

Na travessia, que durou 40 dias, Neumann teve ocasião de ver como a Providencia zelava por ele. Num dia de tormenta quando todos os passageiros se achavam nos seus camarotes, ficou sozinho no convés do navio, recostado no parapeito, todo perdido nas suas meditações. De repente volta a si, como que impelido por força irresistível, deixa o lugar e eis que imediatamente cai com enorme estrondo uma trave sobre o sitio que havia deixado. Disso se aproveitou para renovar sua confiança e ganhar nova coragem para as dificuldades que o esperassem.
O velho Horácio falava da “dura navis”, navio incomodo, por causa das muitas privações a que estão sujeitos os passageiros. Neumann teve ensejo de isso constatar e sentir. O capitão nos seus modos era tudo, menos cortês e polido; os 200 passageiros na maioria protestantes divertiam-se á custa do pobre padre. Nosso seminarista tinha de viajar de ter-ceira classe por serem poucos os recursos de que dispunha.

2. O missionário na América

No dia da Santíssima Trindade encostava o veleiro “Europa” no porto de Nova Iorque. Nosso passageiro só conseguiu desembarcar quatro dias depois. Desejoso de saudar a Jesus Sacramentado pôs-se a percorrer as intermináveis ruas de Nova Iorque em busca de uma igreja católica, não ligando importância ao aguaceiro que caía. Foram inúteis seus esforços; só no dia seguinte pôde encontrar a catedral católica.
O sacerdote alemão Raffeiner apresentou-o ao Bispo Dubois, que fora de si de contente ― pois precisava com urgência de um padre alemão ― o recebeu de braços abertos, garantindo a Neumann ordená-lo brevemente, depois que vira os seus documentos.
Realmente aos 19 de junho de 1836 foi ordenado subdiácono, a 24 diácono e a 25 presbítero. Sua Missa Nova celebrou-a a 26 de junho na igreja dos alemães de S. Nicolau. Nela deu a primeira comunhão a 30 meninos por ele mesmo preparados para esta solenidade. Dois dias depois partia o neo-sacerdote para seu posto na região do rio Niágara, não longe da celebre cachoeira do mesmo nome. Numa carta dirigida á sua família escrevia: “Ao ver antigamente o quadro representando a afamada cachoeira de Niágara, nunca aí alguém se imaginou que eu havia de ser vigário nas suas vizinhanças. Estando bom o tempo chego a ouvir o seu soturno ruído com o fragor de uma saraivada distante.” Afirma-se que Neumann jamais foi ver o grandioso fenômeno da natureza, sacrifício voluntário tanto maior, quanto mais pronunciado era seu amor por semelhantes maravilhas. De viagem para sua paróquia parou nosso vigário alguns dias em Rochester para anunciar a palavra de Deus e administrar os sacra-mentos a alguns católicos alemães, havia tempo privados de todo auxilio sacerdotal. Aí batizou a primeira criança em sua vida e logo escreveu no diário: “Se a criança que hoje batizei morrer na graça de Deus, oh, então minha viagem para a América tem sido abundantemente recompensada, ainda que não consiga eu realizar mais nada no futuro.”

Dispôs a Providencia que em Rochester se encontrasse pela vez primeira, com um redentorista, o padre Prost, cuja amabilidade o deixou encantado. Em Búfalo encontrou-se com o virtuoso padre Alexandre Pax, que daí em diante foi sempre seu paternal amigo. Somente a morte devia desatar os laços desta santa amizade entre tão zelosos sacerdotes.
Padre Pax acompanhou o novel vigário até Williamsville, sua nova residência, sita a umas quatro léguas ao norte de Búfalo. Largo, extenso campo se abria aos olhos do jovem vigário. Além de Williamsville, precisava atender a varias outras estações bem distantes uma da outra. A mais remota era Niágara a 17 léguas de sua residência.

Em todas essas estações não havia igreja. Um miserável galpão fazia suas vezes. A igreja de Williamsville estava em construção, não tinha ainda nem piso nem teto quando lá chegou Neumann. “A igreja de Lancaster é mais um galpão que um templo ― escreve ele. Pregando depois da Missa ao contemplar a humildade de Jesus que se digna habitar numa choça mais que miserável, não pude conter as lagrimas e os soluços obrigaram-me a interromper o sermão.” No começo de 1837 mudou-se Neumann para Nordbusch, onde havia uma capela de madeira e ao lado um pobre casebre do mesmo material. Era a residência do vigário, “o paço paroquial”. Aí recebeu a visita do seu Bispo no verão do mesmo ano. Vinha o Bispo acompanhado do padre Prost nosso conhecido. O prelado alegrou-se muito com o bem feito pelo zeloso vigário.

Em verdade era bem difícil a ação pastoral naquelas paragens incultas. Aos domingos e dias de festa nosso vigário celebrava o santo sacrifício em duas estações.
O trajeto de uma a outra fazia-o a pé, levando nas costas os pertences necessários ao culto. Sucedia freqüentes vezes ser chamado para doentes mal terminava as sagradas funções. Ao anoitecer voltava á casa, alquebrado de cansaço, em jejum não raras vezes. Hoje era o suor que o banhava como recompensa de uma caminhada no sol a pino, amanhã a chuva se encarregava de enlameá-lo e lavá-lo no seu aguaceiro. Numa dessas jornadas através de florestas e pântanos, teve os pés tão feridos que impossível lhe foi continuar a viagem. Deitou-se triste e desanimado, rezando para que Deus mandasse seus anjos em seu auxilio. E Deus os mandou na forma de índios. Chegam-se a ele, inesperadamente, alguns índios. Padre Neumann começa a recear por sua vida. Mas os pobres índios vendo que se tratava do “roupeta negra”, aproximam-se com respeito, estendem diante dele a pele de búfalo, colocam-no em cima e levam-no assim até a casa paroquial.

Outra ocasião o surpreendeu nos pântanos uma horrível tempestade; noite escura cercava-o, perdido no lodaçal. Neumann não sabia para onde dirigir seus passos. Em transe tão doloroso encomenda-se a Deus e eis que divisa, ao longe, o bruxulear de fraca luz. Para lá se dirige, chegando a uma pobre choça em que, estendido no chão, jazia agonizante um velhinho, sem outra companhia que a da pequena filha, a única que lhe restava no mundo. Foi grande o consolo do velho irlandês ao ver o padre. Neumann deu-lhe os últimos sacramentos e confortou-o corporalmente com um trago de vinho de missa. Na manhã seguinte o enfermo estava fora de perigo. Deus havia ouvido as preces do seu servo a lhe pedir a saúde para o pobre pai, único arrimo para a inocência da filhinha que ficaria só no mundo, caso viesse ele a falecer.


Diga-se de passagem que o zeloso vigário se condoia das privações a que estavam sujeitos os emigrantes europeus na América. Essa pobre gente ia fazer a vida e muitas vezes a perdia, sem falar do grande abandono religioso numa região tão grande e tão desprovida de sacerdotes. Por isso Neumann procurava ajuntar ervas, que conhecia medicinais, para curar os seus paroquianos. Chegou mesmo a manusear compendio de medicina para os casos mais urgentes. Queria valer ao próximo, aos colonos da América. Botânico como era, arrumou uma bela coleção de plantas medicinais, mandando outra para Munique.
O sr. Schimidt, que hospedava o vigário conseguiu, que aceitasse um cavalo para as suas longas viagens. Foi isso o começo de uma serie de aventuras para nosso vigário, novato na arte de montar. O cavalo era novo, manhoso, mal amansado. Um dia o vigário vai montar. Por infelicidade põe o pé direito no estribo esquerdo, o cavalo parte logo, só restando ao cavaleiro o remédio de terminar a ginástica e assentar-se na sela de costas para a cabeça do animal. Estranhando o cavaleiro, o cavalo dispara e tê-lo-ia atirado ao chão si não fosse a intervenção de uns viajantes que o cercaram. Falava-se da inteligência do animal que parecia estudar as ocasiões de envergonhar o vigário, expondo-o á risada dos transeuntes. Muitas vezes empacava no meio da estrada sem que Neumann o pudesse tocar adiante. Apeava-se então no meio da lama e puxava o manhoso animal pela rédea. Encontrando um tronco de arvore montava novamente e de novo o cavalo fazia suas artes. Por fim o vigário tomava o saco nas costas e caminhava na frente do animal indócil. As-im mesmo louvava sempre o seu “companheiro de viagem”. Quando parava para tomar uma merenda qualquer, repartia-a com ele. Certa vez um ferreiro vendo as manhas do cavalo se ofereceu a curá-lo disso. “Não quero que judies do meu bom companheiro, disse-lhe Neumann. Nós dois nos entendemos muito bem.” Qual nada. O ferreiro pulou em cima e mal dera uma voltas quando o cavalo o atira ao chão, quebrando-lhe um braço.
Outra vez o atento botânico caminhava a capricho do cavalo, olhando muito para as plantas á beira do caminho. De repente avista uma flor bem rara. Apeia-se e sem fazer caso do pântano, vai cuidadosamente por cima de uns troncos e consegue apanhá-la. Volta radiante de contentamento, fazendo planos sobre o achado quando o cavalo, esticando o pescoço por sobre o ombro do vigário, lhe abocanha a flor. Muito mortificado com a gulodice do animal, nisso viu no entanto Neumann uma permissão da Providencia para exercê-lo na paciência.

Prodigalizava especiais cuidados aos meninos. Nas estações levantava escolas para eles não contente com as igrejas que tinha de construir. Onde faltava professor ele mesmo se encarregava de ensiná-los, durante semanas ou meses inteiros. Aprendiam a ler, escrever e decoravam o Catecismo. Á semelhança do Divino Mestre atraía as crianças; quando o viam chegar corriam pressurosas a seu encontro com toda algazarra própria da idade. Os aplicados recebiam medalhas e terços.
De quem menos cuidava o vigário era de sua própria pessoa. Particularmente sua cozinha sofria com este descuido. Não tendo criado, por ser pobre, atendia em pessoa ao serviço da casa. Em Nordbusch tomou um menino de dez anos para lhe vigiar a casa durante as ausências longas e freqüentes. É pois fácil de imaginar qual teria sido a cozinha do vigário em tais circunstancias. Apenas uma vez por semana se via sair a fumaça pela chaminé. Se alguma alma compassiva perguntava de que vivia, retrucava Neumann: “Pão com queijo é alimento são e nutritivo”. O pequeno guarda era bem arguto para pregar peças ao vigário. Certa vez mandaram-lhe uma suculenta sopa. Enquanto comiam diz o pequeno: “Sr. vigário, se agora parar de comer, dormirá muito bem nesta noite.” Era isso alusão a uma frase que Neumann costumava repetir quando a fome o apertava. A saúde ressentiu-se das privações, caindo bem doente o desamparado vigário. A caridade de uma boa alma valeu-lhe em tal transe.

Muito melhorou a situação quando em 1839 veio seu irmão Wenceslau fazer-lhe companhia. Suas voltas á casa eram então mais confortadas porque encontrava o que comer e roupa fresca para mudar. Além disso seu irmão auxiliava-o no ensino dos meninos em três a quatro lugares.
Não pequenos dissabores causavam ao vigário uns taverneiros que procurando só o dinheiro abriam suas vendas para toda sorte de diversões. Teve que aturar insultos, maus tratos e mesmo ameaças de morte por indivíduos dados aos vícios. Numa das localidades havia uma bodega perto da igreja. Musica e canto, danças e jogo formavam o acompanhamento ás palavras do vigário na igreja, distraindo e escandalizando os fieis. As freqüentes exortações, feitas com todo amor, de nada valeram. Porque anunciassem outra vez um grande baile para certa festa na referida casa, ameaçou Neumann de abandonar a localidade caso se realizasse o projetado baile. Realmente no dia aprazado, em frente á casa do vigário viram um carro para carregar seus livros e trastes. Não foi pequeno o susto do povo até então descrente que executasse sua ameaça. Pediram-lhe para ficar, visto que se desistiria do baile escandaloso. O “digam ao povo que fico” prendeu-se desta vez á renuncia completa do divertimento. O taverneiro teve de retirar-se do lugar.

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