Jesus, nosso único amor

Jesus, nosso  único amor
Olhai sempre por nós

Sejam bem vindos e mergulhem no Amor de Deus por nós!

Tudo por um mundo cheio do Amor Incondicional de Deus por nós. Mudemos o mundo levando as imagens invisíveis do Céu para a humanidade que hoje só crê nas imagens visíveis.

ZELAR PELA MÃE TERRA

ZELAR PELA MÃE TERRA
Minha doce Mãe, te ofereço essas flores!

terça-feira, 13 de abril de 2010

ANO SACERDOTAL - EXEMPLO DE VIDA SACERDOTAL

4. O Bispo incansável
No outono de 1851 assegurou o piedoso irmão Atanásio que vivia na casa de Pittsburg ter visto a Neumann revestido de insígnias episcopais e rodeado de gloria. Padre Seelos então Reitor apressou-se em dar esta noticia ao padre Neumann que lhe respondeu: “Diga ao bom irmão que se já não está louco, peça muito a Deus para que não chegue a tal ponto.”

Mas o louco tinha razão. Não tardou muito e estava realizada a piedosa visão do humilde leigo.
O exmo. sr. Kenrick, Bispo de Filadélfia, fora promovido para a sede arquiepiscopal de Baltimore e vinha todas as semanas ao convento dos padre redentoristas confessar-se com o Reitor Neumann. Numa dessas ocasiões disse a seu ilustre confessor: “Sei por informações particulares que o sr.. será nomeado Bispo da Filadélfia. Trate de arranjar uma mitra, meu padre.” Foi enorme o susto do confessor. Desejava sempre passar a vida num canto desco-nhecido e muito contra seu gosto o haviam feito Reitor e Vice-Provincial. Agora ainda mais essa; ser Bispo!
Ajoelhou-se diante do Arcebispo e derramando lagrimas pediu-lhe que dele se compadecesse impedindo tal nomeação. O prelado ficou comovido e prometeu fazer o possível para livrá-lo da mitra. Padre Neumann escreveu incontinente ao Procurador Geral em Roma rogando que pusesse em jogo todos os recursos ao seu alcance. Muito rezou e fez rezar. Mandou às comunidades que pedissem a Deus para afastar de uma diocese americana uma enorme calamidade. Os padres de Santo Afonso rezavam os salmos penitenciais para não perderem o querido Reitor.

Tudo inútil. “Todas as nossas diligências ― escreveu-lhe padre Quéloz ― não deram resultado” O Santo Padre respondeu aos pedidos na seguinte forma: “Trago em meu coração a todos os padres Redentoristas. Fizeram no caso o que Deus deles exige. Mas tenho confiança em Deus que me não engano para conhecer o que o bem da Igreja reclama, e o que pede o bem de Congregação em particular. Aprovo pois os votos dos Cardeais e ordeno ao padre Neumann que aceite o bispado de Filadélfia sub oboedientia formali, sem mais apelação.”
Entrando certo dia em sua pobre cela viu padre Neumann reluzir sobre a mesa um anel e uma cruz peitoral. Na sua ausência tinham sido estes objetos colocados no quarto pelo Arcebispo D. Kenrick. Entendeu logo o sentido de tudo. Estava nomeado Bispo. Passou a noite em oração.

No dia seguinte ― 20 de março de 1852 ― entregou-lhe o prelado a bula pontifícia com a ordem formal do Santo Padre. Logo no dia 28, depois de um retiro de oito dias, foi consagrado Bispo, na igreja de Santo Afonso em Baltimore. A participação do povo católico não podia ser maior. D. Kenrick foi o sagrante. Como lema tomou o novo Bispo as palavras: “Passio Christi conforta me.” Dois dias após a sagração partiu para Filadélfia.
A recepção do novo Bispo na estação da cidade episcopal foi singela e modesta. Não queriam os padres sabedores que eram da humildade do prelado, vexá-lo com pompas ruidosas e acertadamente empregaram o dinheiro arrecadado para isso em escolas católicas. Muito agradou ao Bispo tão feliz idéia e logo deu a seus padres os mais calorosos parabéns.

Uma das primeiras coisas do prelado foi ir á cadeia onde se achavam dois condenados á morte por homicídio praticado. Os pobres nada queriam saber de penitência e reconciliação com Deus. Neumann gastou muito tempo para convencê-los, ora com energia ora com bondade, a que se prepa-rassem para a morte. Conseguiu-o finalmente. Ambos morreram reconciliados com Deus.

Vivia exclusivamente para o rebanho que Deus lhe havia confiado. Fazia tudo para todos afim de ganhá-los para Nosso Senhor. Todos os domingos e dias de festa pregava em uma ou mais igrejas. Sem tardar começou a visita de sua enorme diocese. Anualmente visitava os lugares maiores; os menores de dois em dois anos. Convertia essas visitas em verdadeiras missões. Pois pregava, ouvia confissões, dava catecismo, e estava á disposição de quantos o procurassem. Era conhecido que o Bispo ouvia confissões em seis a sete línguas. Só para confessar uns velhos irlandeses, diocesanos seus, mas que não falavam o inglês aprendeu também o irlandês. Uma velha irlandesa depois de confessar-se com o Bispo foi toda contente dizer em casa: “Graças a Deus que temos agora um bispo de nossa terra.”

Pela iniciativa ou sob os auspícios do Prelado surgiram como por encanto novas igrejas e escolas em todos os cantos da diocese. Já no primeiro ano de governo pôde Neumann inaugurar e benzer cinqüenta novas igrejas. Em 1857 podia escrever a seu velho pai: “Passei quase todo o verão em visitas pastorais que, apesar de todos os incômodos que trazem, me deram muito consolo. Os católicos ganham cada vez mais coragem e mostram maior zelo pela nossa religião. Neste verão foram construídas 20 novas igrejas, custeadas todas pelas coletas nas respectivas freguesias. Há entre elas seis igrejas dos alemães. Aqui em Filadélfia estão construindo atualmente quatro igrejas; a catedral é toda de pedra as outras são de tijolos. Em 1859 era inaugurada a belíssima catedral. É uma das maiores dos Estados Unidos.

Quanto ás escolas católicas declarou logo na sua primeira pastoral que formariam o objeto de sua solicitude principal. Somente duas escolas existiam quando chegou Filadélfia. Oito anos depois ― ao fechar os olhos na morte ― havia perto de cem escolas. No ultimo ano de sua vida pôde dizer: “O céu tem abençoado visivelmente a obra das escolas paroquiais. Quase não há paróquia sem a sua escola. Para dirigi-las solicitou o concurso de várias Congregações religiosas. Como não bastassem as então existentes, fundou a conselho do Santo Padre, uma Congregação de Irmãs Terceiras de S. Francisco, dando-lhes para esse fim mui sabias constituições. Atualmente o Instituto conta com mais de quatro mil religiosas.
Algumas vezes necessitava vencer resistências e desânimos por parte dos vigários. Assim um dos vigários da sede episcopal não podia resolver-se a abrir a desejada escola, apesar das reiteradas ordens do seu Bispo. Julgava que não era oportuno o momento e impossível erigir a escola.

― Se tal vos parece, disse por fim o Bispo, saberei arranjar para a paróquia outro padre que julgue possível a realização do meu desejo.Foi quanto bastou. A escola foi aberta e em pouco tempo contava com milhares de alunos. As famílias católicas secundaram as intenções do Prelado e em breve tempo viram-se despovoadas as escolas oficiais. A debandada chamou a atenção da opinião publica. Um dos jornais escreveu: “Lastimamos que uma das confissões mais estimadas da nossa cidade (a população católica) tenha retirado sua confiança em nossas escolas. Devem existir muitos erros no nosso sistema; o governo terá que abrir um inquérito sobre o caso e remediar as faltas.”

Para meninas havia três colégios dirigidos pelas Irmãs da Visitação e pelas Damas do Sagrado Coração. Neumann conseguiu que fossem abertos mais outros três. Para meninos possuía a diocese três internatos. Fez abrir mais um. Gostava de visitar os alunos desses colégios e lhes falava do amor de Deus, da dedicação aos estudos. Tinha especial prezar em estimulá-los no estudo. Assim acontecia que cativos de sua afabilidade e sabedores dos seus profundos conhecimentos vinham os alunos expor ao “Bispo” problemas difíceis na solução. Um dia, ao entrar numa aula, deu com o professor e os alunos embaraçados por causa de uma afirmação feita pelo autor do compêndio e o resultado obtido pela observação no telescópio. Expuseram logo o caso ao Bispo. Em poucas palavras e sorrindo lhes cortou o Bispo o nó da questão, dando-lhes o rumo a seguir. Outra vez era uma planta, da qual não se sabia descobrir o nome e a classificação. Monsenhor esclareceu a dificuldade e indicou o livro onde estava a indicação desejada.

Ao lado da catedral edificou um asilo para as crianças pobres. Seguidamente ia ver suas orfãzinhas. Era isso um dia de festa, pois nunca vinha com as algibeiras vazias. Sua entrada punha aquela colméia de crianças em polvorosa. Cercado por elas falava-lhes do Pai que está nos céus, da sua bondade, das flores que criou para nossa alegria. E por aí começava. As crianças faziam-lhe uma infinidade de perguntas curiosas sobre o sol, a lua, as estrelas, as flores e os anjinhos. Neumann esquecia-se do mundo e tornava a ser criança com aquele mundo infan-til.

O Bispo saía para confessar os pobres doentes. Mesmo á noite o viam dirigir-se á casa de um pobre moribundo, levando auxilio para o corpo e para a alma. No hospital, onde era visitante assíduo, parava á cabeceira de cada cama consolando os enfermos e animando-os á paciência. Não se esquecia de recomendar ás Irmãs que vissem nos doentes a Jesus padecendo.

Cônscio da utilidade das Missões, tratou de mandar pregá-las desde o primeiro ano de seu governo. Assistia devotamente ás pregações e exercícios da Missão para assim atrair as bênçãos de Deus sobre o povo por seu exemplo e oração.

Especial cuidado votava á formação dos futuros sacerdotes. Por isso fazia freqüentes instruções aos seminaristas sobre a teologia pastoral. Guarda-se ainda no seminário de Filadélfia um manuscrito que contem a explicação do Novo Testamento, escrita pelo Bispo. Ao chegar á sede encontrou apenas 40 seminaristas e cem padres, número certamente insuficiente para a vasta extensão da diocese. Neumann dirigiu-se a seus amigos na Europa para, por intermédio deles, conseguir bons sacerdotes ou teólogos. Só em 1859 viu a realização de um sonho de muitos anos: pôde inaugurar o seminário menor, destinado a meninos que se julgassem chamados para o sacerdócio. Daí tirou um bom e numeroso clero. O históriador Clarke afirma: “O seminário alcançou sob o governo de Neumann tão grande prestigio como nunca dantes tivera.” O Santo Padre concedeu-lhe o privilegio de conferir o grau de doutor.

Seguindo o exemplo de Santo Afonso consagrava Neumann a mais profunda veneração aos sacerdotes e trazia-os todos bem dentro do coração. Era em verdade o amigo mais dedicado deles todos. Obrigava-os a se cuidarem quando doentes, respondia imediatamente as suas cartas e não recuava diante qualquer sacrifício para tirá-los de algum embaraço ou torná-los contentes. Sua casa era o hotel dos padres que passavam pela cidade. Mas a isso unia também zelo pela disciplina e pelo fiel desem-penho dos deveres. Principalmente exigia que an-dassem sempre com o habito eclesiástico e não freqüentassem as estações de banho.

Todos os grandes e célebres Bispos na Santa Igreja jamais deixaram de consagrar dedicado amor ás Ordens religiosas. Também Neumann não se esqueceu de seguir essa tradição. Membro de uma Congregação religiosa não podia negar suas preferências para os religiosos. Guardou como armas do bispado as próprias armas da Congregação. Usou, até o momento de ser censurado por diversos sacerdotes, o habito redentorista. Mas quando ia passar uns dias com os seus confrades vestia de novo o habito de Santo Afonso.

Certo dia alguém teve a imprudência de lhe dizer que já não era redentorista. Neumann afligiu-se muito e propôs sua duvida ao Santo Padre Pio IX. Este o sossegou dizendo que possuía as virtudes de um bom religioso e que tinha parte nos méritos de seus confrades.
Seu amor não se limitava à Congregação de seus votos. Estendia-se a todas. Não se contentava com um interesse geral pela prosperidade dos institutos religiosos, mas gostava de lhes mostrar essa grande afeição a cada passo, mesmo nas necessidades temporais. Ia muitas vezes presidir ás vestições e profissões nos conventos. Era edificantíssima a piedade com que fazia todas as cerimônias. Suas palavras calavam nos corações e ainda mais acendiam nas almas religiosas o amor pelo estado abençoado.

Quando não podia assistir desculpava-se de modo tão atencioso que causava ótima impressão. Nas cartas ás Superioras de conventos repetia que nunca deviam deixar de recorrer a ele em qualquer embaraço. “Na hora em que a precisão bater em vosso convento ― escrevia a uma Superiora ― avisai-me sem demora. Pois ainda que pobre eu também saberei valer-vos, porque Deus não nos abandonará.” Um dia, ao visitar um convento de irmãs, disse-lhe a Superiora: “Monsenhor, é-nos bem difícil a vida. Ora não temos carvão e ora temos carvão, mas não temos o que cozinhar.” O Bispo animou-a, mostrando-lhe o Crucifixo na parede e ajuntou risonhamente: “Sendo meu costume distribuir medalhas, quero hoje distribuir umas medalhas-yankees.” E dizendo assim, passou para as mãos da Superiora cinqüenta dólares ouro.

Todavia era seu maior cuidado que reinasse nas comunidades o verdadeiro espírito religioso. Procedia meticulosamente na escolha dos confessores para religiosas. Como Santo Afonso queria que as Irmãs educadoras fossem bem instruídas no livro do Crucificado. “O livro que mais deveis conhecer é o de vossas Regras; sendo fieis a Deus ele abençoará vossos trabalhos. Estou convencido que fará maior bem na classe uma Irmã que, possuindo menos ciência, tiver mais espírito de fidelidade a Deus.”

Por mais que Neumann trabalhasse para aumentar o clero de sua diocese nunca diferiu por muito tempo a licença que algum padre pedia para entrar num convento de religiosos. Estava convencido que Deus mandaria outro no lugar daquele que deixara o mundo para melhor servir a Nosso Senhor. Ia até mais longe. Muitas vezes nas conferencias aos jovens clérigos discorria sobre a sublimidade do estado religioso e animava-os a manifestarem algum desejo, que julgassem ter sobre este estado, prometendo de coração abençoar o eleito por Deus.

Parece inútil dizer que Neumann como Bispo ficou sendo o mesmo homem virtuoso, como no tempo de simples sacerdote e religioso. Todas as semanas ia ao convento dos Redentoristas para confessar-se. Uma vez por mês fazia um dia de retiro no convento de seus confrades. Nunca perdia os dez dias de retiro impostos pela Regra da Congregação.

Não quis aceitar criados para a sua pessoa. Ele mesmo punha em ordem o quarto, limpava os sapatos e escovava as vestes. Tomava o café na sala de jantar e quando se julgava despercebido to-mava um pouco de água com um pedaço de pão. E era tudo. Depois de sua morte o confessor manifestou o seguinte: “D. Neumann praticava sem cessar as virtudes da abnegação e mortificação, mas de modo tão prudente e discreto que a ninguém vexava ou causava admiração. Ocultamente levava sempre o cilício e macerava o corpo com uma disciplina de pregos nas pontas. Graças a uma constante vigilância dos sentidos e recolhimento de espírito, chegou a vedar às paixões que lhe perturbassem a paz da alma cândida e pura. Alcançou alto grau de contemplação. Seguindo o exemplo de Santo Afonso fez o voto de não perder um momento de tempo e guardou-o fielmente até a morte. Mesmo nas viagens via-se-lhe com um livro nas mãos, ou então escutava-se-lhe falar de coisas divinas.” A piedade mostrava-se principalmente quando o Bispo celebrava a Santa Missa ou conferia algum sacramento.

Não teve sossego enquanto não introduziu na sua diocese a adoração das Quarenta Horas, o que até então não era usado na América do Norte.
Deus mesmo se encarregou de guiá-lo nesta empresa. Há tempo lutava Neumann para convencer seus padres das vantagens deste piedoso exercício. Eles porém opinavam que seria para se temer mais a profanação e desrespeito do Santíssimo Sacramento. O servo de Deus flutuava entre o ditame de seus conselheiros e as aspirações de sua piedade quando resolveu o caso. Uma noite já havia escrito muito tempo no seu gabinete, quando se apaga a luz. Neumann acende outro toco de vela e continua o trabalho. O cansaço venceu-o e adormeceu. Quando acorda vê queimados os papeis que despachava, mas com as letras bem legíveis. Comovido cai de joelhos e ouviu no interior uma voz que lhe dizia: “Assim como a chama arde sem destruir e prejudicar as letras, assim eu distribuirei minhas graças no Santíssimo Sacramento sem prejuízo de minha honra. Não temas, pois, uma profanação de meu Sa-cramento e não adies a execução de teu desígnio.” No mesmo dia escreveu Neumann o decreto ordenando o exercício das Quarenta Horas nas paróquias.

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