Jesus, nosso único amor

Jesus, nosso  único amor
Olhai sempre por nós

Sejam bem vindos e mergulhem no Amor de Deus por nós!

Tudo por um mundo cheio do Amor Incondicional de Deus por nós. Mudemos o mundo levando as imagens invisíveis do Céu para a humanidade que hoje só crê nas imagens visíveis.

ZELAR PELA MÃE TERRA

ZELAR PELA MÃE TERRA
Minha doce Mãe, te ofereço essas flores!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

ANO SACERDOTAL - ENTREGA DA VIDA AO SENHOR

5. Viagem a Roma e últimos anos de vida

A convite do Santo Padre Pio IX, embarcou o Bispo Neumann em outubro para Europa. Era isso o ano de 1854. Queria ele assistir á solene declaração do dogma da Imaculada Conceição, ato que teve lugar a oito de dezembro do mesmo ano.

Em Roma hospedou-se o Prelado na casa dos seus confrades, em Monterone. Todos edificaram-se com seu espírito de pobreza e humildade. Saía quase sempre sem as insígnias de sua dignidade, a pé sem fazer caso do tempo que reinava.
Sua extrema modéstia não impediu que sobre ele caíssem as vistas dos cardeais e do Papa. Pio IX convidou-o diversas vezes para audiências privadas e distinguiu-o ainda com mais outras atenções. A primeira vez que foi falar ao Papa este recebeu-o cheio de amabilidade e disse-lhe: “Monsenhor Neumann, bispo de Filadélfia! Então a obediência não vale mais que sacrifícios?” Escutou em seguida a relação que Neumann lhe fez sobre a diocese, decidiu diversos casos difíceis e por fim conferiu-lhe a dignidade de prelado doméstico de Sua Santidade e diversas faculdades e privilégios.

Aos 17 de dezembro escrevia monsenhor Neumann a um de seus padres: “É impossível descrever-lhe a solenidade do dia oito deste mês. Não tenho nem tempo nem talento para tanto. Agradeço a Deus haver-me concedido, após tantas graças, esta de poder ser testemunha da festividade em Roma.” De Roma foi a Loreto celebrar a Santa Missa na Casa Santa. Fez a viagem à moda dos pobres peregrinos. Causou isso suma admiração a um senhor que o havia conhecido em Roma e agora o encontrava num pobre hotel de Ancona. Uma aventura esperava nosso homem. Não podendo ler o passa-porte escrito em inglês, queria um soldado austríaco levar a Neumann para o primeiro posto policial. Não teve ele outro recurso senão mostrar sua cruz de Bispo e o anel sagrado. À vista disso declarou-se satisfeito o guarda da fronteira. Em Viena hospedou-se com os seus confrades na celebre igreja de Maria Stiegen.
Em Praga foi recebido pelo imperador Fernando que lhe fez o presente de mil florins para a construção da catedral em Filadélfia.

Seus padroeiros no céu não se esqueceram do humilde Bispo. Disso é prova o seguinte fato. Na viagem de Roma a Viena extraviara-se um cofrezinho que levava muitas e preciosas relíquias. Em vão mandou diversos telegramas da estação de Viena. Neste transe encomenda-se Neumann a Santo Antônio, fazendo o voto de colocar sua imagem numa das igrejas de Filadélfia. Nem havia acabado a promessa quando se aproxima um jovem e lhe entrega amavelmente um volume, dizendo: “Aqui tem o exmo. sr. Bispo o procurado cofrezinho.” Neumann ficou algo admirado ao ouvir o titulo de Bispo porque viajava sem insígnia alguma. Quis recompensar o atencioso portador mas não o viu mais.

De Praga foi a Prachatitz para saudar a seu velho pai. Tencionava chegar sem ser esperado. Enganou-se no entanto. Adivinhando essa intenção, mandaram seus concidadãos um espião na frente para denunciar a partida e prevenir a chegada do Bispo. Assim teve soleníssima recepção, sendo levado á igreja matriz ao repique de sinos e estourar de morteiros. Depois de cantar o Te Deum dirigiu Neumann algumas palavras a seus conterrâneos. Comovedor foi o encontro com o velho pai que chorava de alegria. Como um dos presentes lamentasse a ausência da mãe, observou Neumann: “Ela nos vê do céu e alegra-se conosco.” Permaneceu seis dias com os seus concidadãos.

No dia 9 de fevereiro, bem de madrugada, deixou ás escondidas sua terra natal, voltando para América. Passou por Paris e Liverpool chegando a Filadélfia a 28 de março de 1855.
Não podemos deixar sem menção um fato ocorrido em Munique que mostra claramente a humildade do venerável Bispo. Parando alguns dias naquela cidade recebeu o convite para assistir as exéquias solenes do Arcebispo, há pouco falecido. À hora marcada entrou na sacristia um sacerdote de pequena estatura, com uma valise na mão, retirando-se para um canto onde se pôs a rezar o rosário. Era o Bispo Neumann. Enquanto rezava ouviu dizer aos padres vizinhos que se esperava o Bispo de Filadélfia, que havia aceitado o convite. Teve então que abrir a valise e vestir-se como Bispo causando admiração a todos pela modéstia de seu procedimento.

De volta á sede episcopal continuou os trabalhos com redobrado zelo. O peso da diocese já se lhe ia tornando cada vez mais sensível. Neumann queixa-se disso numa carta pelos fins de 1856: “Os trabalhos vão crescendo. Pois o numero dos católicos aumenta rapidamente e na mesma proporção me crescem os cuidados. Oxalá andassem todos os católicos fazendo progressos idênticos no amor de Deus. Estou sozinho nesse intrincado de tarefas. Por enquanto não estando a catedral em condições de culto, não posso ocupar e sustentar a vários padres e por isso tenho que despachar pessoalmente as dispensas e atender a todos os negócios, a grandes e pequenos que me procuram, a clérigos e regulares. Tudo isso me traz numa trabalheira desde sete da manhã até nova horas da noite. À noite estou cansadíssimo, mas, graças a Deus, a saúde é boa e resistente. Penso também não andar muito longe o dia de me ver livre deste desterro.”

Realmente seus pensamentos voltavam-se seguidos para solidão. Tinha saudades das viagens pelo ermo das florestas quando ia visitar os pobres católicos perdidos nas choupanas. Isso escreve numa carta. De fato ofereceu-se na reunião provincial dos Bispo em Baltimore para aceitar uma das novas dioceses então planejadas. A Santa Sé não aceitou a oferta de Neumann e deu-lhe um Bispo coadjutor na pessoa de D. Frederico Jayme Wood. Dois anos mais tarde já sucedia ao servo de Deus na sede do bispado.

Grande dor estava reservada ao bondoso coração do Bispo. E essa veio-lhe com a horrível catástrofe de 17 de julho de 1856. Segundo o costume iam as crianças de uma paróquia da cidade fazer uma excursão pelos campos. Eram acompanhadas pelo vigário e pelos professores. Desde as cinco horas da manhã setecentas crianças, num ruído de andorinhas nas manhãs de primavera, tomaram o trem que as devia levar á desejada estação. A morte estava de ronda naquela região. Em desabalada velocidade vem do lado oposto um outro trem dando-se um formidável encontro, trepando as maquinas uma por cima da outra. Os carros ficaram espatifados e sobre o montão de tábuas rebentou apavorante incêndio. Gritos e gemidos de toda espécie saíam do meio das labaredas. Sessenta e quatro cadáveres foram retirados dos escombros entre eles o do vigário, padre Sheridan. Os feridos eram oitenta e quatro. A cidade inteira caiu em profunda consternação e muitas famílias vestiram luto pela morte de seus filhos.

O pobre Bispo não o sentiu menos. Interrompeu imediatamente a visita pastoral para levar aos enlutados as palavras de consolo e conforto e aos feridos os socorros de seu ministério. Chorou com os desditosos pais e muito contribuíram suas palavras para alívio dos que Deus acabava de provar de modo tão rude.
Entretanto chegava também o fim da vida para o servo de Deus. Os receios expostos nas suas cartas iam tornar-se realidade. Estava próxima a hora de sua recompensa. Alguns dias antes de morrer foi o Bispo, como de costume, confessar-se no convento de seus confrades. Enquanto esperava pelo padre Reitor encetou uma prosa com o irmão porteiro.
― Irmão, qual a morte que o sr. preferiria ter uma vez? ― disse-lhe Neumann.
- Eu prefiro morrer depois de uma doença suportada com paciência; morte repentina é cousa arriscada, retorquiu o irmão.
-Um cristão deve no entanto estar pronto para morrer a qualquer hora e muito mais ainda um religioso. Estando preparado, ganha mais com a morte rápida e poupa aos outros muito trabalho e a si mesmo muita ocasião de impaciência. Em todo caso é sempre melhor o gênero de morte que Deus envi-ar.

A um sobrinho que o acompanhava numa saída disse: “Meu padre chegará a ter muita idade; eu não chegarei aos cinqüenta.” E como o companheiro contestasse tal afirmação, repetiu-lhe: “Pois há de ver; eu não chegarei aos cinqüenta.”
Os prognósticos do santo Bispo deviam se cumprir. Aos cinco de janeiro, véspera dos Santos Reis, sentiu-se indisposto. Não obstante procurou divertir os comensais contando-lhes uma curiosa anedota de sua vida passada. De tarde saiu de casa para assinar um documento de certa propriedade da diocese. Ao voltar para casa caiu por terra numa das ruas da cidade, vitimado por violento ataque de apoplexia. Levaram-no para a casa mais próxima estenderam-no sobre um tapete e tentaram reanimá-lo. Em vão. Quando chegou o secretario do bispado com os Santos Óleos, quase ao mesmo momento, já era tarde. João Nepomuceno Neumann, Bispo de Filadélfia estava morto.

O telegrafo espalhou célere a noticia pelos quatro cantos do país. Foi uma consternação geral e profunda. Todos sabiam que o Bispo se havia sacrificado pelo excesso de trabalho. O mesmo dizia o Vigário Geral, testemunha ocular do continuo esforço do falecido. No começo não se queria dar credito á nova tão triste, mas os contínuos dobres de sino e os anúncios nas igrejas convenceram o bom povo de Filadélfia. Na manhã da Epifania foi o corpo exposto na capela do bispado onde enorme multidão desfilou em visita ao querido prelado. No dia nove foi então o solene sepultamento. O corpo foi levado descoberto. Nunca Filadélfia vira cousa igual em grandiosidade. Na frente marchava um corpo de policia e uma companhia de soldados com a banda de musica. Vinham em seguida as sociedades literárias, vinte e sete confrarias e irmandades, treze sociedades vindas de Baltimore, depois as escolas e orfanatos da cidade, os alunos do seminário maior e menor e uma centenas de padres. O que mais chamava a atenção da compacta multidão ao longo das ruas era o aspecto calmo e tranqüilo do falecido que parecia dormir. Após a Missa de corpo presente, falou aos fieis o exmo. D. Kenrick e entre palavras disse ele: “Se saís para um negocio pensai que talvez não voltareis vivos; quando vos acomodais á noite refleti que o dia seguinte poderá encontrar-vos já sem vida!” Com as primeiras palavras descrevia a morte do seu grande amigo Neumann e com as ultimas fazia uma profecia sobre sua morte. Realmente três anos mais tarde era D. Kenrick encontrado morto na cama, pela manhã.
Colocaram o corpo do Bispo na cripta da igreja de S. Pedro. Até na morte ficou Neumann no meio de seus confrades, em cuja igreja se acha a referida cripta.

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