Já não têm vinho, já não têm fé, têm dores e temores... "Meu Filho, necessitam de tua ajuda!".

203. - Mãe, também foi escolhida para viver Comigo a dor mais profunda.

Ei-la aqui: a rosa era para vós: um pensamento meu e um sorriso meu! A todos os que veem para encontrar-me na gruta de Massabiéle. Porque sempre vêm de longe e creem fazer-me coisa agradável.

E a quem pensa em Mim e não pode vir, eis aqui, também para eles meu sorriso: sou a Mãe de todos! O amor reclama outro amor. Jesus, que tanto levou dele ao mundo, o estendeu, pediu a todos o amor recíproco.

 Eis aqui a rosa para ti: estas palavras e minha história. Próxima de vós, a todos e longe no tempo. A Comunhão entre  Céu e terra! E voltando à terra,  voltam a Mim as lembranças daquele tempo!

Quando assisti à primeira Eucaristia, me batia forte o coração e vi os olhos de Pedro cheios de lágrimas... Quando disse a Jesus aquelas palavras: "Já não têm vinho...". E mesmo episódios que ninguém sabe. Horas de vida vivida e sofrida e aquela dor!

Nas aparições que se vêem com a alma de quem as acolhe, mas parecem também vê-las com os olhos materiais, Eu, Myriam, estou presente com meu ser feito de alma e corpo glorioso.

Em Pentecostes Pedro se fez compreender por todos: todos de cada língua viveram naquele momento mais além da terra onde se fala a universal língua do amor que todos compreendem. Universal! É simples compreendê-la e tu especialmente podes compreendê-la agora que vives este presente.

Quando Agostinho, quando Teresa, quando almas felizes que falam outras línguas, te falam e tu compreendes e traduzes a tua língua. Assim Eu, Myriam, te falo agora em aramaico antigo: minha doce língua.

E na lembrança volto naquele tempo, volto a ver aquelas aldeias, quase sinto o aroma de meu jardim de Nazaré... O forno, a oficina e José que enquanto trabalha canta com sua voz forte e afinada... "Mamãe, pai José canta bem...". "E tu, Filhinho, vem escutá-lo mais de perto...". E se uniu a pequena voz de meu menino à outra. O olor da madeira fresca, as duas vozes, Eu que naquele momento me sentia feliz... E depois?

Quando Jesus partiu para pregar, sentia que saía de minha vida terrena, sabia que jamais voltaria  viver comigo.

Iniciava a aurora, Jesus partiu depois de uma noite passada em conversa, em confortar-me, em abraçar-me... "Mãe, foste eleita também para viver comigo a dor mais profunda!".

Agora em Lourdes todos me trazem flores e velas, agora cantam para Mim, agora me pedem milagres e graças. O que me pedis com confiança Eu o acolho e o ofereço a Jesus, e ainda recordando aquele dia, na aldeia de Caná, lhe dirigi o mesmo olhar: "Mãe, o que tu me pedires será atendido!"

Já não têm vinho, já não têm fé, têm dores e temores... "Meu Filho, necessitam de tua ajuda!".

E vejo aquelas criaturas doloridas que  vêm a Mim com a esperança de uma melhora, de uma cura. Vejo os pais de tantas crianças levados em cadeira de rodas, crianças enfermas, paralíticas. Eis que então para alguém ocorre um milagre que todos podem ver.

Para todos um milagre que somente eles viverão: a paz e a resignação. Ninguém volta para casa sem uma flor minha! E na alma levam todos o consolo que Eu dou a eles já que pedi a Jesus por eles. E ninguém volta para casa como quando chegou. Leva em si mesmo mais fé ou mais esperança ou mais paz.

Uma flor para todos, para todos meu sorriso! Naquela gruta estava tão bem, vi Bernadete e me mergulhei em sua pureza! Gostava de entrar naquela alma. Entrar para olhá-la, entrar para mostrar-me a ela: "A Bela Senhora!". E sabia que não foi acreditada no momento e que foi combatida: "¡Ma pauvre petite!".

Sabia o valor daquelas palavras de Jesus: "Bem-aventurados os que sofrem!".

Bernadete é Bem-aventurada!

Lourdes 16 de julho de 1985