As pequenas alegrias da vida terrena podem ser também estas: é necessário apreciar tudo e dar graças por tudo.

164. - Neste tempo de confusão, de apostasia, de incredulidade, o vento de Deus sopra mais forte.

Naquele tempo, depois de que Jesus nos havia deixado, nos consolava saber que estava na glória, porém Eu, Sua Mãe, sentia em Mim, sempre, aquela punjante nostalgia que faz desejar a viva presença de uma criatura nossa, a mais querida.

Os apóstolos me falavam de Jesus quase por fazê-lo reviver, por reviver as lembranças.

"Senhora, um dia, o amigo de Jesus, aquele que foi ressuscitado por Ele, Lázaro, mandou fazer para o Rabi e para todos nós uns calçados tão suaves que podíamos usá-los durante horas e horas sem que se ferissem nossos pés...".

E Cefas me descrevia aqueles calçados e a felicidade de meu Filho ao receber aquele presente para Ele e sobretudo para os seus.

As pequenas alegrias da vida terrena podem ser também estas: é necessário apreciar tudo e dar graças por tudo.

Volto mais atrás no tempo, o tempo de Jesus, aquelas noites serenas, o lar, as palavras ditas e não ditas entre nós, mas igualmente compreendidas.

Quando Jesus era muito pequeno, José, para que se divirtisse, levava qualquer utensílio da oficina e um pedaço de madeira, e diante da lamparina (para ter mais luz da chama) talhaba ou um boneco, ou um cavalinho ou qualquer coisa similar.

As pequenas alegrias da vida terrena. Os apóstolos foram depois pelo mundo, comigo ficou por aquele tempo João, os outros iam e vinham para ver-me e se falava da Igreja que nascia, que se tornaria grande, que não acabaria nunca: "Senhora, o Rabi trouxe um vento novo ao mundo..."

"Trouxe a Verdade, um vento que faz que tudo se torne límpido, o vento da Verdade!".

Esse vento que ainda neste tempo em que viveis vós na terra alenta, sopra e traz o sereno: A Verdade de Deus.

Neste tempo de confusão, de apostasia, de incredulidade, o vento de Deus sopra mais forte para salvar as almas preparadas para a salvação.

Eu era e sou uma criatura mesmo escolhida para aquela tarefa, minha fé não podia ser senão certeza, porém a dor da nostalgia e as lágrimas, tudo o vivi como toda criatura.

Y diante do fogão com João pensava em meu Filho, que quando menino me dizia: "Mamãe, que bonita é a chama".

"Por que estás tão triste, Senhora? Pensas talvez no Rabi?". "João, sei que é feliz, sei que está sentado à direita do Pai Celeste, sei que o tornarei a ver, mas agora penso em Sua voz, e queria escutá-la..."

Ouvia às vezes o pensamento e às vezes a voz de Jesus na alma, mas era uma criatura, devia ser a Mãe da humanidade, sendo Mãe de Deus, e devia viver minha dor para compreender a dor da humanidade.

Não podia ser uma mulher separada de tudo, quase uma rainha; devia conhecer também Eu as lágrimas e os tormentos. Como poderia compreender-vos se houvesse sido diferente?

Muitos me veem em seus pensamentos vestida de tecidos preciosos, com a coroa, com tantas jóias... Tinha aqueles poucos vestidos, tinha meu véu... Vós que me amais me dais a coroa, os vestidos, as jóias...

E Eu a vós vos dou meu amor e minha compreensão: chorei convosco, convosco sorri.

A história de nossa vida se relata numa mínima parte, o essencial. Não conheceis todos os milagres, não conheceis outros episódios daquela vida de meu Filho. Eu sei, a vós para estar no correto vos basta conhecer o que Ele deixou através dos evangelistas.

Agora, no desígnio, chegou um tempo no qual uma parte de vós poderá conhecer ainda episódios e milagres.

Tantos milagres operou Jesus e ainda sucedem: O meu e Seu falar a vós! Curas das almas e dos corpos!

Os apóstolos com o dom do Espírito fizeram milagres em Seu nome, assim tantos sacerdotes de todo tempo: os verdadeiros santos tem a herança dos apóstolos, os primeiros sacerdotes.

A santidade opera milagres! No entanto, os verdadeiros santos são criaturas com aparência como as outras.

Um dia Lucas me disse: "Senhora, o Rabi tinha alguma coisa diversa dos demais seres?". "Quem acreditava n'Ele lhe sentia diferente, lhe intuia divino! Quem não acreditava n'Ele não podia ver o que n'Ele tinha de diverso, de divino!".

Assim é também agora, em Suas palavras: Quem crê n'Ele reconhece seu pensamento, quem não crê n'Ele como pode reconhecer-lhe?

"Senhora, eu lhe amo através de teus relatos e então é como se lhe houvesse conhecido. Falarei d'Ele ao mundo, e também de ti, Senhora!"





E Lucas iniciou seu Evangelho.

"Naquele tempo..."



5 de dezembro de 1984