123. O amanhecer falava à minha alma com suas últimas estrelinhas.
Quando chegamos a Belém, fazia muito frio, a noite estava iluminada de estrelas e nós estávamos muito cansados. Finalmente, encontramos aquela gruta e vós conheceis o que sucedeu. Um acontecimento maravilhoso, que depois de séculos, para muitos parece uma fábula.
O tempo passava, Jesus crescia, Eu pensava nas palavras de Gabriel...
"Faça-se Tua vontade!", disse ao Pai do Céu, e aceitei uma grande alegria e uma grandíssima dor. O anjo me disse muitas coisas, e me falou também do prêmio que tem depois no Reino. A dor somente no Reino se compreende.
A vida em Nazaré era simples e importante, como tantas vidas são simples e importantes: a vida daqueles que vivem com o pensamento em Deus, humildes e pequenas criaturas aos olhos do mundo, vidas escondidas, silenciosas: grandes vidas!
"Mãe, é lindíssimo olhar dentro das almas dos bons..." É certo, é belísimo, já que ali se encontram os verdadeiros tesouros.
Aquela noite cantavam os anjos:
"Glória no alto dos céus e paz na terra aos homens de boa vontade".
O que é então, a boa vontade? É querer fazer a vontade de Deus.
E as coisas mais difíceis se tornam simples. Para ter boa vontade há que ter fé. É a fé a que obra, ajuda e move as montanhas. Aquela noite em Belém fazia muito frio. Recordo Jesus envolto na capa de José.
"É Deus, é meu Filho e chora!"
As lágrimas de sangue no horto de Getsêmani. Meu Filho chorou pelos pecados da humanidade. Este foi o cálice amargo e também a dor, que Jesus sabia que devia enfrentar; o fez tremer em sua natureza humana...
Como Deus, a aceitou e a ofereceu por todos. Como Deus, sabia quanto tinham que sofrer, sua carne e seu Espírito: os pecados dos homens!
Prefiro falar das coisas simples daquela Minha vida, dos dias serenos e dos amanheceres rosados que via da janelinha. Levantava-Me sempre muito cedo.
O amanhecer falava à minha alma com suas últimas estrelas. E via a natureza agradecendo ao Criador. E meu Filho–Deus dormia em seu berço de madeira. Vivi a maior realidade: a única! E também vós, refletindo, podeis vivê-la meditando nossa vida, nossa história.
Jesus escuta nossos pensamentos e n'Ele, Deus; vos escutam vossos seres queridos, para vós agora invisíveis, mas sempre presentes: as luminosas sombras de luz que vos seguem, enviando-vos amor, ainda mais amor.
Em nossa cozinha sempre estava o perfume do pão recém tirado do forno, de lenha ou das rosas, conforme a estação. Tecia, cozinhava, limpava... os deveres. Pensava e admirava: os prazeres. E minha alma cantava antes da dor.
Assim como vossas almas cantarão amor e para sempre no Reino. Estais seguros! Poderia acaso mentir?
Jesus vos traz a esperança e também Eu desejo consolar-vos. Eu conheço a dor, mas também a força da fé, também a esperança!
E conheço o prêmio!
23 de Dezembro de 1982
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