Quando Jesus permanecia silencioso olhando o Céu, naquele nosso jardim, nas noites frias, Eu, Myriam, o olhava, e o coração batia com força! Olhava-O deslumbrada, n'Ele transluzia a divindade!

58. Eu vivi aqueles meses de espera como em um sonho.




Quando Jesus permanecia silencioso olhando o Céu, naquele nosso jardim, nas noites frias, Eu, Myriam, o olhava, e o coração batia com força! Olhava-O deslumbrada, n'Ele transluzia a divindade! O que é para vós a Divindade? Vós meus queridos filhos, sabeis que Deus é imenso, que é infinito, que é inexplicável, que é misterioso e que é também evidente! Eu no meu Jesus via e sentia tudo isto, e por esse motivo o adorava: porém era um menino então, e o adorava e o educava...

"Todos os meninos bons e educados saúdam a quem encontram".

"Mãe, Eu, apenas me desperto, encontro o Pai Celeste. Ele está em toda a humanidade e quando os homens se despertam de tarde ou ao amanhecer, não devem esquecer-se d'Ele, e devem saudá-Lo!"

Ao despertar dirigi sempre com vossa alma um pensamento a Deus, ao meu Filho, Deus de Deus, ainda que seja breve: Uma saudação, porém com muito sentimento.

Vivi nesses meses de espera como em um sonho: o Advento! O que acontecia em mim era demasiado grandioso: o Acontecimento! Deus que vinha à Terra! Quase dois mil anos... E muitos ainda não o reconheram! O Calvário! Que tragédia esse superar com aquele peso: os pecados do mundo, que fadiga! Quão doloroso foi para nós o Calvário, aliviado somente pelo pensamento nos Santos, nos bons, nos puros, nos que sofrem; naqueles que Jesus chamava "Bem-aventurados!".

Estavan ali, estáveis todos vós naquele momento. Cada vida é uma prova, cada vida tem breves ou largas horas de Calvário: as dores espirituais, as dores da carne, os pensamentos, a fadiga, os medos!... Estáveis todos ali para aliviar a dor de Jesus, e também minha dor. Estáveis todos debaixo da Cruz, porém não somente vós, os Santos, os bons e os puros... também vós que não reconheceis a meu Filho, também vós que o traís! Sou Mãe também de vós e suplico a Jesus por vós, e vós não o sabeis:

"Filho, ilumina com teu espírito suas almas! São os mais míseráveis: não tem amor, não tem fé!..."

E meu Filho, vosso irmão, fará para vós milagres do Espírito em vosso espírito. Ele se preocupa com todos os homens de todos os tempos, de qualquer religião, dos sem religião. Ele é Amor e procede do Amor; Amor Infinito que vem de Deus Infinito!

Jesus não  gostava de cantar, preferia pensar e nesta forma rezar em silêncio, intensamente. Muitos diziam que se era Deus, não tinha necessidade de oração. Ele rezava ao Pai, do qual vinha. Uno no Pai, e a mesmo tempo Pessoa distinta e igual! Misteriosa Trindade: Um coração dentro de outro coração. Luz, Vida, Amor!

Jesus rezava, verdadeiramente louvando ao Pai Celeste e lhe falava na forma como todos o deveriam fazer: louvar a Deus e falar-lhe, e Deus, Uno e Trino, escuta. É um coração que se desprende do mesmo coração, um fio luminoso os une um ao outro, e o coração está dividido e unido. Belíssimo mistério! Deus deu um rosto humano a Si Mesmo, e esse rosto é o rosto de meu Filho.

"Saúdo-te Myriam..." A Anunciação!

Nossa casa, vós o sabeis, era pequena, porém para nós era muito bela. Amávamos essas poucas coisas, amávamos o perfume que vinha do roseiral, amávamos nosso pequeno jardim. Jesus amava seu rincãozinho, aonde punha seu banquinho e seus brinquedos quando não podia brincar ao ar livre. O banquinho lhe servia para sentar-se e também como uma pequena mesa: Era seu pequeno mundo aquele rincão, aquela casa, aquele jardim! Sua presença embelezava a casa. Jesus: a luz do mundo! Para outros a nossa era uma casa pobre, para aqueles que eram cegos na alma e não viam a luz de Deus! Aqueles que veem a luz de Deus, enriquecem cada coisa, e não dão importância ao valor banal das coisas. Aqueles que veem a luz de Deus, veem a verdade! A verdade é luminosa!

O pequeno mundo de Jesus. De rapaz, trabalhou muito e escutou e louvou muito ao Pai Celeste. Viveu escondido, porém fez muito pelos irmãos. Os irmãos? São aqueles que se conhecem, aqueles que se encontram.

"Mãe, meus amigos são quase todos os irmãos e irmãs... Eu não necessito irmãos ou irmãs, já que tenho a meus amigos como irmãos; tenho a todos meus irmãos no mundo e logo tu serás sua Mãe, a Mãe da humanidade: meus irmãos!".



1º de Dezembro de 1981