Jesus, nosso único amor

Jesus, nosso  único amor
Olhai sempre por nós

Sejam bem vindos e mergulhem no Amor de Deus por nós!

Tudo por um mundo cheio do Amor Incondicional de Deus por nós. Mudemos o mundo levando as imagens invisíveis do Céu para a humanidade que hoje só crê nas imagens visíveis.

ZELAR PELA MÃE TERRA

ZELAR PELA MÃE TERRA
Minha doce Mãe, te ofereço essas flores!

terça-feira, 6 de abril de 2010

PÁSCOA - TESTEMUNHOS DE VIDAS DOADAS A DEUS

Vida de
João Nepomuceno Neumann
Bispo redentorista de Filadélfia
Tradução por um redentorista
Edição Pdf de Fl. Castro
Aparecida, 2004
Segundo testemunho do Pe. José Oscar Brandão, CSSR, a tradução é do Pe. Geraldo Pires de Souza (1895-1969), como se comprova pela letra manual das correções.
No manuscrito não consta o autor. A ortografia foi atualizada.

1. O estudante na Europa
João Nepomuceno Neumann nasceu a 28 de março de 1811 — naquele ano Quinta-Feira Santa — em Prachatitz, cidade da Boêmia. Seu pai, natural da Baviera, tinha uma pequena fábrica de meias e soube conquistar um posto de honra na cidade por sua honradez e operosidade. Ocupou várias vezes cargos públicos no município; especialmente recebeu gerais aplausos como “Pai dos pobres”. Como tal soube por meios acertados e brandos pôr termo á mendicidade pública.

O Senhor abençoou com 6 filhos o seu lar de cristão zeloso. Três entre eles abraçaram o estado religioso. Um irmão do nosso Venerável fez-se Irmão leigo na Congregação do SS Redentor; uma irmã chegou a ser Superiora Geral do Instituto das Irmãs de Caridade de S Carlos Borromeu.
“Nossa educação, dizia Neumann, foi feita segundo as antigas máximas católicas; nossos pais eram ótimos cristãos. O pai depois de feita a oração da manhã ocupava-se em vigiar e guiar os oficiais e operários durante o resto do dia. A mãe todos os dias ia á Missa, levando sempre consigo, ora um ora outro dos filhos. Comungava freqüentemente e aos jejuns da Igreja ajuntava os de sua devoção. O filho que a acompanhasse ao terço ou á Missa ganhava uma moeda ou qualquer outro mimo.”

Vigiava a Providencia pela vida de nosso Joãozinho. Tendo apenas três anos caiu numa cova de quinze pés de profundidade sem sofrer a menor lesão.
Era rigorosa a educação que o Sr. Neumann dava aos seus filhos. Certa vez Joãozinho pregou-lhe uma pequena mentira. O castigo foi severo. “Este castigo me foi salutar — adverte o Venerável — porque desde então guardei-me de faltar á verdade.” Muitos anos depois, sendo Bispo, ao visitar seus pais, lembrou-lhes o castigo sofrido e agradeceu ao velho Neumann o rigor que então usara.

Aos sete anos entrou nosso Joãozinho para a escola municipal. Devido a seu talento precoce e grande amor ao estudo aprendeu logo a ler e escre-ver. — Herdara de seu pai, diz ele, pronunciado a-mor pelos livros, a ponto de consagrar-lhes o tempo que outros passavam brincando ou caçando passarinhos.
“Minha mãe ralhava comigo chamando-me de maluco pelos livros.” Com o tempo os pais tiveram que lhe comprar um armário onde o diligente leitor ia enfileirando seus livros, como um general os seus soldados. Mas João não se contentava com o ler; refletia, procurava aprofundar o que havia lido. Vá o seguinte caso como prova. João dormia no mesmo quarto com Wenceslau. Certa noite vem este quei-xar-se com a mãe de que o irmão não o deixava dormir. E logo vai a mãe para o quarto resolvida a aplicar umas chineladas no pequeno desordeiro. Chega-se á cama do filho e este a desarma com uma pergunta á queima-roupa: “Mamãe, como é possível que a terra se sustente no ar sem cair?”

A conduta do menino era, do contrario, exem-plar. O caminho mais curto da escola para casa a-travessava a praça publica. Para não ser testemu-nha dos jogos barulhentos dos meninos que por lá tumultuavam, tomava nosso Joãozinho outro trajeto mais comprido. Gostava de brincar, mas fazia-o com meninos escolhidos, no pátio de sua casa. Seu pro-fessor de religião passou-lhe o seguinte elogio:
“Desde criança João excitava minha admiração e muitas vezes lembrava-me das palavras: ‘O que virá a ser este menino um dia?’ Foi sempre um discípulo tão dócil que a conselho meu, lhe entregou o mestre, ainda na classe inferior, a vigilância dos pequenos alunos.”

Um rasgo formoso de caridade derrama luz sobre esta época. Encontrou-se um dia com um me-nino pobre que, de porta em porta, ia tirando esmo-las as quais depositava num saquinho de pano. Ao vê-lo assim enterneceu-se Joãozinho e disse com visíveis mostras de compaixão: “Oh! si eu tivesse um saquinho como este para ajudar o pobrezinho! Ganharia então o dobro da esmola”.
Com sete anos confessou-se pela primeira vez. Dois anos depois recebia o sacramento da Con-firmação e, com licença especial de seu catequista, aproximou-se no ano seguinte da santa mesa. Já então sabia todo o seu catecismo maior. Daí em di-ante desejava receber o pão dos anjos seguidamen-te, graça que lhe foi concedida pelo confessor. Nos últimos tempos de escola ajudava a Missa todos os dias. Fazia-o com muito respeito respondendo corre-tamente ao sacerdote. Nunca tomava café ao ir para a igreja. Assim não poucas vezes ficava em jejum até o meio dia.

Aos doze anos foi João para Budweis afim de freqüentar o celebre liceu da cidade. Padeceu muito neste colégio. Vejamos como nô-lo conta: “Tínhamos um professor que, sobre ser o velho e bonachão, se dava muito á bebida. Não íamos adiante nos estu-dos; e, pior ainda, me ia esquecendo das cousas ensinadas pelo catequista (seu professor de latim).
No terceiro ano o referido professor apresentou-se embriagado aos exames e foi dispensado do cargo. Pouco depois punha termo á vida. Seu sucessor era tão sábio como severo, querendo repetir num se-mestre as matérias de dois anos e meio. Cousa me-ramente impossível para a maioria dos alunos, vicia-dos pela vadiação nos tempos do predecessor! Mui-tos foram então os reprovados. Mais do que isso sofri com as exigências descabidas do professor de religião. Era o pedantismo e aridez em pessoa.

Fazia questão de cada palavrinha e como não tivesse eu boa memória para guardá-las todas, eram-me mo-destíssimas as aulas de religião.”
No fim do quarto ano João voltou para casa triste, desanimado. Pensava seriamente em largar dos estudos. Caro custou á sua boa mãe é ás irmãs convencê-lo para que os continuasse. Deixou-se persuadir, voltando para o colégio em Budweis. Houve então radical mudança em tudo; foram rápi-dos seus progressos nas ciências. São unânimes seus condiscípulos em afirmar que Neumann se des-tacava entre todos os outros. Ele próprio nos diz: “Durante os dois anos de filosofia operou-se em mim uma notável mudança. Havia uma dúzia de estudan-tes muito afeiçoados a diversas ciências, o que nos levava, nas horas e dias de recreio, a mutuas comu-nicações nos diversos ramos. De grande auxilio nos foi neste estudo a amável condescendência dos padres Cistercienses, nossos professores de filosofia. Deixei-me arrastar demasiadamente nestes dois a-nos pelo amor ás ciências naturais.

Preocupava-me com a história natural, física, geologia, astronomia, álgebra, geometria e trigonometria, matérias que antigamente me não sorriam muito.” Seus condiscípulos louvam sobre tudo seus conhecimentos, tão vastos como sólidos, na astro-nomia e botânica. Dedicava-se alem disso ao estudo das línguas modernas, particularmente da francesa e italiana. “Dotado de excelente talento, observa um dos seus colegas, era Neumann ao mesmo tempo mui estudioso. Nos passeios levava sempre um livro consigo; nunca o vi ocioso.” Outro fala-nos do ótimo microscópio, com que Neumann admirava na cre-mação visível a grandeza e onipotência de Deus, e das acertadas palavras que então usava para des-pertar os mesmos pensamentos nos outros.

Neumann conhecia todos os clássicos, como nô-lo garantem eles.
Escreve o apostolo S. Paulo que a piedade para tudo é útil; e que nos alcança as bênçãos do Senhor na presente e na vindoura vida. Nosso estu-dante compreendeu o alcance destas palavras e soube harmonizar a piedade com os estudos. São muitos e preciosos os testemunhos referentes a tal verdade. Impossível seria reuni-los todos na presen-te brochura. Conta um de seus colegas ter visto, numa das visitas que lhe fazia, o livro da Imitação de Cristo ao lado do globo celeste feito pelo dotado alu-no. Outro companheiro inseparável era o “Guia dos pecadores” de Luiz de Granada, que João lia com assiduidade. A oração, a leitura espiritual, a freqüên-cia dos sacramentos, eram os meios que empregava para livrar-se dos grandes perigos que ameaçam a mocidade.

Ouçamos suas interessantes declarações: “Era meu cuidado tirar o maior proveito possível da Santa Comunhão. Lembrando-me da piedade pre-senciada em casa dos pais e da devoção com que minha mãe se preparava para recebê-la, procurava imitá-la no fervor. Assim livrei-me de muitos pecados e perigos geralmente fatais para tantos moços. Nes-te tempo ouvia missa todos os dias e, pela tarde, visitava alguma das igrejas, o que faziam também diversos dos meus companheiros.”
A isso juntava Joãozinho diversas mortifica-ções. “Desde muito cedo — escreve padre Berger, sobrinho do Venerável e autor de uma biografia sua — compreendeu ao clarão da graça ser de absoluta necessidade a mortificação dos sentidos para quem deseja progredir na virtude. Aos 16 anos alimentava-se só uma vez por dia; pela manhã e pela tarde con-tentava-se com um simples pedaço de pão seco.

Uma vez terminados os estudos em Budweis, precisava decidir-se nosso moço sobre a vocação que devia seguir. Desde pequeno pensava e deseja-va ser padre e unicamente neste intuito havia come-çado os estudos. Agora, porém, na hora de decisão veio-lhe a tentação. Refere-nos ele que, de 89 a 90 pretendentes ao estudo de teologia, somente 20 po-diam ser aceitos no seminário maior. O medo de ser rejeitado despertou-lhe o desejo de se dedicar á me-dicina. O pai concordava; não assim a mãe. Insistiu com o filho para que solicitasse a admissão no Se-minário.
Neumann obedeceu e, contra toda a expecta-tiva, foi aceito mesmo na falta de qualquer recomen-dação alheia. “Daí em diante — escreve — sumiu a tentação de estudar medicina; renunciei até por completo e sem muito custo a diversos estudos favo-ritos, como física, astronomia, etc.”

Nenhum comentário: