170. Todos aqueles que sofrem, tomam parte na Redenção, que continua em todo tempo.
Maria Madalena veio um dia para saudar-me, e desde então nunca mais a vi na terra.
Estava vestida quase pobremente e muito mudada, estava belíssima, como o foi uma vez, mas mudada na alma e assim sempre bela, mas de outra beleza, humilde e quase temerosa: "Senhora, eu vou para longe rezar, meditar, expiar...".
"Meu Filho estará contigo no silêncio e na meditação, na expiação".
Maria Madalena é luminosa no Reino. Rezou, meditou e expiou na terra. Vós não podeis imaginar a dimensão na qual vivemos.
Anulando-se o tempo, faz que nós nos sintamos livres e junto a vós, como se vós estivésseis presentes e nosso passado (porque a alma recorda) nos parece às vezes presente.
Assim neste dia revivo com alegria aquela minha juventude. Revivo o nascimento de Jesus e sinto entre meus braços a doce tibieza de seu pequeno corpo: "Isto é meu Corpo. Isto é meu sangue...".
Quando escutei pela primeira vez as palavras desoladoras e maravilhosas: "Isto é meu Corpo, Isto é meu sangue derramado por vós..." repetidas por Pedro chorando, pensava em toda a humanidade que haveria tomado parte na dor de Jesus com a dor, que é prece e agradecimento.
Todos aqueles que sofrem tomam parte na Redenção, que continua em todo tempo, até o fim.
A Igreja ia no tempo, a Igreja vai no tempo com dificuldades, traições, mas também com a ajuda de muitas criaturas: todos aqueles que creem, e em consequência, amam.
"Fazei isto em memória de Mim !" Tremia escutando Pedro que repetia as palavras de Jesus usando o mesmo cálice que Nos foi presenteado, a Jesus, por um dos Magos: Gaspar.
"Mãe, este é o único presente que devemos conservar...". "Fazei isto em memória de Mim!".
Ninguém esquece Jesus, também aqueles que não creem n'Ele, pensam n'Ele, às vezes roçados por uma dúvida: "...e se fosse Deus?".
Mesmo negando-o e ainda traindo-o, porém ninguém o ignora. E quem o ama e faz de Jesus o primeiro pensamento da jornada e o último, é ajudado e sustentado na vida de cada dia.
A fé é a maior ajuda que possui a alma. E a fé é o maior tesouro. Quando meu Filho veio ao mundo, luz do mundo, também meu espírito se iluminou com esta luz e às vezes olhando-o já não me sentia sobre a terra, em casa, em Nazaré, mas em uma dimensão diversa e misteriosa.
"Mãe, te levo Comigo a voar..." Quando, assunta ao Céu, o alcancei, compreendi verdadeiramente o sentido desta palavra: voar!
A vida de cada dia também para vós é grande e pequena: as mesmas coisas, as mesmas palavras, os mesmos trabalhos repetidos...
E vosso espírito que pode, ao mesmo tempo, viver coisas grandíssimas... O céu deste dia é belíssimo, nunca como o céu deste Céu. Em Nazaré, quando olhava o azul do céu pensava que para Mim o azul era a cor mais bonita.
Agora tenho um manto de céu, na terra nunca tive um manto azul.
Na terra meus vestidos eram modestos... Vós me veis com manto azul, com o manto do céu. E Eu me envolvo de Céu para vós e vos deixo um pedacinho deste céu, um pedacinho de Paraíso: a cor de meu manto.
Volto ali a viver a bem aventurança. Vós tendes uma franja azul para uma jornada serena. Meu presente para este Natal!
26 de Dezembro de 1984
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